Post by ggabxxi on May 20, 2021 15:54:16 GMT -5
[X Nation toca]
Bom dia, meus demoniozinhos gostosos! Banshee Radio está de volta, é isso mesmo! Bom, geralmente, eu falo sobre álbuns e EPs de outras pessoas, mas agora, eu to aqui pra falar do meu próprio álbum, lançado há poucos dias, o X NATION. Ele é um album muito especial pra mim porque acho que nunca antes eu fui tão leal com minha própria arte, tanto em sonoridade quanto em letra. Não me entendam mal, eu amo o SCREAM! e o The Wife’s Lament, mas acho que eu ainda não era tão artisticamente polida no SCREAM! e no The Wife’s Lament, eu segui demais a opinião dos críticos sendo que isso não deveria importar pra mim, sabe, o rock não é mesmo feito pra agradar, na verdade, a melhor música rock é aquela que causa estranhamento, incômodo, o rock é o grito de todas as pessoas que dificilmente são escutadas e foi exatamente isso o que eu fiz no X NATION. Vocês vão encontrar muitas coisas sobre machismo, sexismo, double standards, machismo, homofobia, depressão, ansiedade, dependência química e até uma crítica à própria indústria que me fez. E não me venham com “cuspir no prato que comeu”, vão se foder porque se eu comi alguma coisa nessa indústria, foi a porra do pão que o diabo amassou. Então, sem mais delongas, X NATION!
“X Nation”
A primeira faixa é a faixa título, X Nation. Eu diria que ela é basicamente uma síntese de todo o álbum, tocando em vários assuntos que a maioria acha delicados demais para um artista discutir. Bom, como eu disse, “basicamente”. Ela não tem muitos dos assuntos discutidos ao longo do álbum, mas tangencia a maioria deles sim… bom, é claro que eu não vou dar minha opinião sobre meu álbum, é claro que eu acho que ele atingiu o potencial máximo, eu não lançaria uma obra que não me agradasse perfeitamente. Então, eu acho melhor falar mais sobre o processo de criação do álbum e em que lugar eu estava durante ele, coisas assim.
“Bad Ol’ Banshee”
Eu acho que nem preciso falar muito sobre essa, ela é claramente sobre ageismo, qualquer pessoa com um cérebro entenderia isso. É sobre como existe um cemitério pra artistas femininas, elas são forçadas pra fora da indústria assim que passam os 30 anos e não é como se nós não tivéssemos nada a oferecer no que provavelmente é nosso momento de maior maturidade… e como eu estou agora com 31 anos, acho que isso me incomodou ainda mais do que incomodava antes. Uma artista feminina precisa se reinventar 1000 vezes durante a carreira e ainda sim, ela é desmerecida pelo trabalho da vida dela assim que a indústria acha ela velha demais pra agradar as pessoas. Como se mulheres não pudessem fazer arte quando envelhecem. Mas ainda sim, temos vários homens de idade que ainda são reconhecidos hoje em dia. Elton John, Rolling Stones… e eu sou Banshee, eu sei que tenho o que é preciso pra ser colocada ao lado deles, meu rock é foda pra caralho! E é muito decepcionante saber que provavelmente não estarei lá nunca porque cometi o crime de envelhecer. Isso é foda, não é, meus demoninhos?
“Don’t You Dare To Wish Me Back”
Então, meus demônios queridos, eu acho que foda-se eufemismo, aqui é o Banshee Radio e eu sou a porra da Banshee. Don’t You Dare To Wish Me Back é sobre suicídio. Simples assim. Eu sei, muitas pessoas vão falar, “Caralho, Banshee, isso é um problema real, você não acha que isso pode piorar as coisas pra alguém?” e eu digo “Eu sei que é um problema real, porra, se eu escrevi sobre isso é porque EU ESTIVE nesse lugar e eu sei que se qualquer rockeira fodona revelasse que também já esteve nele, eu me sentiria menos sozinha. Se Janis Joplin ou Joan Jett tivessem falado que já passaram por momentos obscuros assim, sendo as lendas que elas são, eu provavelmente me sentiria melhor, sabendo que transtornos psicológicos são tão comuns e podem atingir até mesmo gente gigante e foda como elas”. Eu sei que tenho muitos fãs e eu sei que muitos deles passam por isso, têm pensamentos como os que eu tive várias vezes e ainda tenho e essa é minha forma de dizer “Vocês não estão sozinhos, a mamãe demônio está bem aqui, eu ouço vocês, eu acredito em vocês e eu ENTENDO vocês”. Eu sei que tenho essa responsabilidade como artista, eu sei que a minha arte tem uma função social e conscientizar as pessoas do mal que assola a maioria delas é meu trabalho também, como musicista. Eu sinto que é isso que eu devo fazer.
“I’m A Whore!”
Acho que essa é uma das faixas mais pessoais do álbum. Ela é, sim, sobre mim. Sobre como eu me frustrava que todos esses caras saíam da minha vida, sobre como eu me culpava e achava que tinha algo de errado comigo, sabe? Não era possível que o problema não fosse eu se todas as histórias que eu tive com eles sempre tinham o mesmo fim. Eu pensava assim até conhecer meu querido Jamie, descanse em paz. E tendo ele, eu sempre imaginava quando ele iria embora, quando eu ia voltar a viver como eu vivia antes dele, mas ele simplesmente não ia e isso era muito foda. A gente tinha alguns problemas como todo mundo, mas no fim, ele era meu partner in crime. E isso me fez pensar que se tudo ia tão bem com ele, talvez eu não fosse o problema em todas as outras vezes em que tudo desabou. Mas eu ainda não tinha percebido isso aqui, e isso nos leva à próxima faixa.
“Black”
Black é uma continuação direta de “I’m A Whore!”. Na faixa anterior, eu falo sobre como é horrível ter certeza de que tudo que deu errado na sua vida amorosa é culpa sua e de mais ninguém, ter certeza que você não nasceu pra se sentir amada. Bom, em Black, eu começo percebendo que isso estava acontecendo mais uma vez, vocês sabem como às vezes, a gente consegue sentir o fim chegando? Eu sentia isso muito forte. Na verdade, ela é sobre meu último relacionamento antes do James… e eu descreveria ele como talvez o pior relacionamento da minha vida, eu escrevi o The Wife’s Lament durante ele então eu acho que todos vocês conseguem imaginar em que lugar essa porra tinha me colocado. Bem, ele acabou e eu preciso dizer, o fim foi glorioso, vocês sabem aquelas fotos de quando a Nicole Kidman se divorciou daquele cara lá da Cientologia? Aquele famoso, qual é o nome dele mesmo? Me ajudem, demoninhos! Ah, isso mesmo, quando ela se divorciou do Tom Cruise! Caralho, ainda bem que eu não tive filhos com esse cara que eu xingo em Black! Enfim… é isso, crianças. No final, eu aprendo que eu tenho um valor e que esse cara não merecia mais porra nenhuma de mim.
“We Will F*ck You”
Essa é uma das músicas que todo mundo odiou e ninguém levou a sério e sinceramente, eu to pouco me fodendo! Ela não é uma música pra ser levada a sério. Ela é uma música divertida que eu acho que deu uma levantada no humor do álbum, mas também tem um papel muito importante que é o de conscientizar pessoas sobre a nossa realidade atual. Milhões de pessoas estão morrendo e algumas pessoas insistem em falar que estão sendo oprimidas ou tendo seus direitos atacados por terem que usar A PORRA DE UMA MÁSCARA. Então eu simplesmente fiz uma música bem humorada e realista, como várias das melhores músicas rock são. Acho que as pessoas levam o rock sempre muito a sério, talvez por isso acreditem mesmo que todos nós somos satanistas e bebemos sangue… o rock é, talvez, o gênero musical mais desapegado de todos, mas poucas pessoas conseguem ver isso. Eu nunca pensei em We Will F*ck You como um single gigante, uma música que poderia mudar o rumo da música rock, ela é simplesmente mais um rock com uma mensagem importante passada de uma maneira descontraída e é isso, às vezes, isso é tudo que uma música rock precisa ser.
“Lady Lazarus”
Lady Lazarus é mais uma música sobre depressão e outros transtornos psicológicos, parecida com Don’t You Dare To Wish Me Back, mas dessa vez, eu faço referência a uma das minhas artistas preferidas e uma das maiores poetisas da história, Sylvia Plath, e inclusive usei alguns versos do poema dela, que também tem o nome de “Lady Lazarus”. Essa música fala sobre como é viver com essa sombra sobre sua cabeça, todas essas limitações que na verdade só existem no seu cérebro e você tem plena consciência disso mas ainda não consegue se livrar delas. É sobre tudo isso, toda essa luta contra a própria mente, sobre como você está bem agora mas vive com o medo constante de não aguentar não fazer alguma besteira amanhã e perder tudo e todos que você mais ama, sobre chorar pensando na ideia de que o último sentimento que você deu pra todas essas pessoas é o de culpa, de impotência e de pensar que eles sempre se perguntam onde eles erraram com você. Na verdade, foi esse sentimento que me ajudou a me manter viva, se vocês querem saber, eu não queria que ninguém pensasse que eles são culpados desses… problemas de sinapse que eu tenho, e é verdade que algumas pessoas contribuem pra isso mas no fim das contas, o que eu e vocês que se identificam têm é uma doença, não é diferente de uma gripe ou uma virose, só é algo que atinge uma parte mais frágil do seu corpo. Mas Lady Lazarus é, principalmente, sobre ser uma sobrevivente. Porque eu passei por tudo isso e ainda estou aqui, lançando mais um álbum pra todos vocês. Vocês que passaram por isso são sobreviventes, são veteranos de algumas das piores guerras que uma pessoa pode travar. E a vocês que ainda estão lutando, eu digo, isso nunca acaba mas eu prometo que fica melhor. Infelizmente, a brilhante Sylvia Plath tirou a própria vida, mas nós não podemos seguir o mesmo caminho. Eu estou aqui pra vocês, meus demoninhos.
“Never Fade Away”
Essa música é uma das que foram incluídas pra melhorar um pouco o humor, junto com We Will F*ck You, e ela é só uma música sobre um amor perdido mas que ainda guarda esperança… no começo, era uma música sobre Jamie, mas meu amigo Brendon, que vocês conhecem como Apollyon, me deu essa ideia de tornar a música mais abrangente e multifacetada, podendo ser sobre perder alguém de várias formas diferentes. Na verdade, Brendon fez a maior parte do trabalho nessa e o resultado ficou tão bom que eu achei indispensável pro X NATION, mesmo que ela não seja uma música realmente minha.
“Cold Turkey”
Essa música também não é minha e nem de Brendon. Ela é uma regravação de uma das músicas de John Lennon em sua carreira solo e é sobre a abstinência na reabilitação e os efeitos da dependência química no corpo. Eu tive a ideia de incluir essa regravação no meu álbum depois de ver que o KJ tinha lançado uma música com esse mesmo nome, apesar de que a música dele é uma metáfora sobre sentir saudades cortantes de alguém. Essa música de John Lennon é bem literal e direto ao ponto.
“Peg”
Ah, essa é uma das minhas favoritas! É uma música linda e todos nós sabemos que todo álbum precisa de um momento “música linda”. Peg é sobre quão desumana é Hollywood e a indústria artística num todo. As pessoas que controlam esse mundo não sabem nada de arte e são realmente uns filhos da puta. Essa música fala de Peg Entwistle, a atriz que foi rejeitada por Hollywood e cometeu suicídio se jogando do letreiro Hollywoodland. Eu fiquei pensando o que eu diria pra Peg, como eu posso me conectar com ela tendo sido também alguém inserida no mundo de Hollywood e que por pouco sobreviveu… e, bem, acho que essa música sumariza bem tudo isso. Na verdade, acho que essa foi a faixa que mais me deu orgulho assim que eu terminei. Eu gosto desses momentos mais calmos e significativos nos meus álbuns e Peg é, de longe, o meu momento preferido desses. Ela é triste, mas ainda sim perseverante, otimista…
“When You Were Here”
Esse álbum não poderia ter outra faixa de conclusão que não essa. Ela é muito pessoal, mas ao mesmo tempo, eu acho que entendo porque tantas pessoas se identificaram com essa. Abandono parental é uma situação muito recorrente e na maioria das vezes, é o pai que abandona a família. Bem, When You Were Here é sobre muito mais do que abandono parental mas eu não acho que posso e nem que seria capaz de falar sobre tudo o que essa música fala, é muito doloroso pra mim. Muito mesmo. Mas eu acho que depois de tanta gritaria, tanta intensidade, esse álbum precisava de algo mais recluso e sentimental. Sabem, eu sinto muita pressão sendo uma das poucas artistas a carregar o título de artista rock, então, eu tento ao máximo mostrar tudo que o rock tem a oferecer, mostrar que ele é muito mais do que solos de guitarra e músicas sobre drogas e posicionamentos políticos duvidáveis. O rock tem muitos lados diferentes, muitos deles são ótimos, e eu acho que consegui mostrar muito de cada um nesse álbum com letras sobre coisas que realmente importam pra mim. Ele me deixou muito feliz. Espero que todos vocês tenham gostado, porque eu sinto como se esse álbum fosse a obra da minha vida e não sei se há muito mais coisas pela frente. Enfim, esse foi o Banshee Radio, obrigado por terem escutado, meus demoninhos, vocês são fodas.
[Lady Lazarus toca]