Post by ramprozz on Jul 14, 2021 17:24:37 GMT -5
Urielectric: Beebo Talk é o podcast de Brendon Urie (Apollyon) em parceria com o Spotify, onde o musicista, vocalista, DJ e produtor musical faz uma análise embasada em qualquer peça musical possível. O podcast tem esse nome pois é gravado no estúdio de Brendon (nomeado por ele de “Urielectric”, em menção a seu sobrenome), e além de ser disponibilizado como áudio no Spotify, também é filmado para ser postado no canal da plataforma, no YouTube.
O vídeo começa com uma cadeira de escritório virada de costas, com a silhueta de alguém de pernas cruzadas sentado nela. Após um “Ehemm”, a cadeira se vira, revelando Apollyon sentado nela, vestindo roupas casuais, um jeans, converse preto, e uma camisa preta com a escrita “WHO THE FUCK IS BEEBO”, merch da turnê “Death Of A Bachelor” do Panic” At The Disco.
[Apollyon]: BOM DIA NESSE CARALHO! Sejam todos bem vindos ao primeiro episódio de Urielectric: BEEBO TALK, Apollyon é o que vos fala e…. ISSO PORRA, finalmente consegui fazer essa introdução direito - risos - Eu sou Apollyon, Brendon Urie, ou Beebo if you’re nasty, e sejam todos muito bem vindos… mais uma vez… ao primeríssimo episódio do meu podcast! AHEOO--- … Como esse episódio é o piloto, eu preciso explicar um pouco como vão funcionar as coisas por aqui, mas prometo que é só nesse, nos próximos eu já vou bem mais direito ao assunto…
Apollyon toma um gole de whisky, segurando o riso antes de continuar.
[Apollyon]: Bem, o Uireletric: Beebo Talk é um podcast onde eu vou falar sobre.. qualquer lançamento que eu quiser falar sobre.. mas por que eu teria o culhão pra falar dos lançamentos? Bem, se você não me conhece, prazer eu sou Brendon Boyd Urie, também conhecido como o testudo do Panic! At The Disco, ou Apollyon, eu sou produtor musical desde 2006… por aí, quando o Panic! teve seus primeiros passos. Eu sou graduado pianista, violinista, violoncelista, organista, guitarrista E, obviamente, vocalista na Curtis Institute of Music, e musicista e produtor audiovisual, na Berklee College of Music… e também fiz três semestres de direito na Loyola Law School… mas essa última parte não é tão relevante… enfim: Eu tenho produzido música já há mais de 14 anos, e constantemente estou estudando os mais diversos mercados musicais da atualidade… o que eu quero dizer é: EU SEI DE QUE PORRA EU TÔ FALANDO AQUI… se tem alguem pra fazer uma análise músical consistente e embasada nesse mundinho, esse cara sou eu. Pois bem, fazia tempo que eu não precisava listar meu currículo assim, mas já que o fiz… podemos dar início ao primeiro episódio
Brendon toma mais um gole do seu whisky, e sorri para si mesmo, mostrando estar realmente feliz em poder ter seu próprio podcast para compartilhar seu conhecimento.
[Apollyon]: Bem, esse podcast foi criado não só por que os veículos de crítica tem sido completamente babacas com merda nas orelhas nas avaliações de álbuns, mas também por que quem me conhece, nem que seja um pouquinho, sabe meu amor imensurável pela música, e depois algumas conversas com alguns amigos, cheguei a conclusão que eu posso usar esse amor para espalhar conhecimento, falando sobre música não só com uma análise embasada e crítica (crítica de verdade, okay), mas também como forma de voltar a me conectar com as pessoas que me acompanham… já que desanimei das minhas lives na Twitch TV faz um tempo… Pois bem, como primeiro episódio, eu quero falar de algo que eu tenho plena dominância sobre, o que melhor do que meu último álbum para isso?
Apollyon levanta de seu colo um CD físico de The Feeling Is Mutual, seu último álbum.
[Apollyon]: O The Feeling Is Mutual foi composto, produzido, mixado, executado, e todos os outros verbos que relacionem produção com criação… por mim -- hehe. Cada acorde em qualquer música, cada fonema que saiu dessa minha bocona, tudo passou por semanas de análise antes de eu me sentir pronto para lançar esse álbum, e agora eu vou levar vocês para uma viagem pelo processo de criação do The Feeling Is Mutual, assim como uma análise detalhada faixa-a-faixa… mas antes…
Brendon toma mais um gole de whisky, e coloca o CD do The Feeling Is Mutual na mesa de seu computador, que está logo atrás dele, virando um pouco, e retornando para a câmera com um olhar um pouco mais sério.
[Apollyon]: Bem, antes eu preciso tirar o elefante da sala, né? Se eu vou falar do álbum, preciso falar das circunstâncias nas quais ele foi concebido. Não, não é segredo que ele gira em torno do cenário que eu me encontrava após o término de meu último noivado, com o Jongin… KJ.. enfim… Nunca foi segredo, mesmo eu não tendo abordado o assunto diretamente antes, pois mesmo sendo CLARAMENTE ÓBVIO SOBRE O QUE SE TRATA, até onde eu sei as coisas… a mídia, funciona diferente onde meu noiv- ex-noivo reside, então, não sabia qual seria o impacto das notícias na carreira dele e do grupo dele, então como eu também não tinha nenhuma satisfação para dar ao público, só deixei quieto… mas no fim ele também fez um álbum contando o lado dele - ele ri - então né…. pois bem, vamos começar.. Só uma curiosidade bem… besta antes… o primeiro nome do álbum nem era The Feeling Is Mutual… eu explico mais pra frente quando se tornou este, mas inicialmente iria ser “Short For Brendon” HAHAH--- sei que algumas pessoas gostam de saber sobre os descartes… e nessa ideia eu iria assumir uma persona mais “BEEBO” e pra que não sabe, BEEBO é a junção dos meus nomes.. “BREndon e BOyd” hahaha… Ahh porra.. VAMOS COMEÇAR LOGO...
TRACK 01: R 5:8
[Apollyon]: Eu adoro enfiar conceito interessante até onde dá nos meus trabalhos, principalmente se há algo que gera conexão comigo. Como algumas pessoas sabem, eu nasci numa família de mórmons, então a religião sempre foi algo extremamente presente e marcado na minha infância, mas eu nunca achei que eu realmente me encaixava naquilo ali que estava sendo vomitado na minha frente como regra, e por isso sempre era visto como diferente por esse meu círculo… como pecaminoso, tanto que foi daí que veio o nome da fanbase do Panic! At The Disco (os Sinners) e também fui expulso de casa quando decidi que não iria concluir a faculdade de direito. Pois bem:
R 5:8 é a abreviação de Romanos, capítulo cinco, versículo oito, onde diz “I loved you at your Darkest” ou, “Amei-te em teus mais sombrios momentos”... acho que daqui pra frente vai ficar meio cringe, mas juro que estou explicando isso da maneira mais profissional possível. Em suma fala sobre como no meu relacionamento com o KJ, aconteceram coisas bem ruins pela parte dele, e mesmo assim eu segui persistente, remendando trapos em farrapos sempre que possível.. até que uma hora não deu mais. Eu não diria que arranquei todo sentimento que eu tinha por ele, nunca… isso seria.. primeiro, impossível, e segundo, muito imaturo da minha parte, por que se a gente exclui um sentimento, a gente deixa de aprender com ele, e fica sujeito a cair novamente no mesmo erro… se bem que eu duvido muito que eu vá chegar tão longe quanto cheguei com ele novamente… enfim.
A letra também põe em paralelo os sentimentos gerais que estão passando pela minha cabeça nos últimos tempos. Okay, eu posso dizer que sou muito bem sucedido, já que eu abri a Arcade Records, conheci tanta gente legal, produzi pra tanta gente legal.. mas eu sinto que no amor, após o fim do casamento de 7 anos com a Sarah eu já não ia mais conseguir amar ninguém, e o KJ veio com um relâmpago numa voltagem absurdamente alta que me fez acreditar de novo, e infelizmente… acabou… e agora que eu tô só com o que sobrou dessa eletricidade estática, acho que minhas chances acabaram de vez… mas vida que segue, eu tenho trabalhado muito em aceitar isso… e o quanto antes eu conseguir, melhor… Já na sonoridade, a música começa com o mesmo pop de aura mística onde eu criei toda a ambientação do Aphantasia SEED, sabe? Porque a intenção era justamente representar essa transição de uma fase pra outra do jeito mais claro possível. Quando eu fiz o Aphantasia eu tava sozinho, solitário, fodido, numa depressão bem profunda, mas refletindo sobre as coisas de maneira bem fria, e novamente, é exatamente o contexto que foi criado em R 5:8 é… se pronuncia assim mesmo “AR Five Eight”... enfim. A faixa é boa pra representar todo o caos que foi: me divorciar, me apaixonar de novo, noivar, ser traído, ficar solteiro… HAHHAA… ai soa menos dolorido falando assim. Mas esse elemento caótico é todo transmitido até nos ossos da música. R 5:8 não tem nenhuma estrutura fixa, são o que?... seis ou sete versos que progressivamente vão se tornando piores e piores, até que no final da música, eu literalmente rasgo tudo… é, eu estava rasgando algumas fotos e partituras no dia, pra eu realmente me sentir dentro do conceito do que eu estava vindo, e termino a música com um verso literalmente representando essa… podridão agressiva que tava dentro de mim, gritando que “Que merda eu tinha na cabeça pra achar que alguém fosse me querer novamente?”.. e na última linha “Fale com seu homem, e diga que há notícias ruins a caminho”.., o que basicamente veio ao término da minha relação com o Jongin.
É… eu acho que foi o melhor jeito de começar o álbum, com uma transição, e se parar pra pensar, o The Feeling Is Mutual TODO é uma transição, por que eu começo chorando, depois com raiva, depois chorando de novo, querendo morrer, chorando, e por fim tendo esperança da dor passar logo… e chorando.. HAHAHHAH - ele ri bastante, e parte para próxima música.
TRACK 02: The Feeling Is Mutual
[Apollyon]: O SINGLE! A FAIXA TÍTULO! MÃE DO ÁLBUM… O que quiser chamar. Na verdade, acho bacana falar que o álbum todo.. a ideia do álbum na verdade.. me veio por causa de um tweet do Jongin… eu tinha tweetado alguma coisa.. alguma letra que eu tava escrevendo… algo assim… HMM LEMBREI! era “Some people are a lot like clouds you know… cause life so much better when they go”... aí ele tweetou “The Feeling Is Mutual”... CARA… naquele momento eu… quebrei, é claro… mas eu VOEI pro meu estúdio, triste, com raiva, querendo gritar, e peguei o instrumento mais violento que eu tinha.. o segundo na verdade né?... já que o primeiro seria minha bateria… é vocês precisam ver o quanto eu maltrato essa safada… mas ela gosta de apanhar...hehe … VOLTANDO… eu peguei minha guitarra e comecei a tocar… em pouco tempo eu tinha o pré-refrão e o refrão todo escrito, e já na melodia da música. Mas né… como um bom produtor eu não ia deixar uma música feita somente no ódio ir pro meu trabalho final, então eu toquei mais um pouquinho, escrevi as letras pra não escrever, e deixei anotado mais algumas frases aqui e ali… até me drenar… aí.. eu juro, é normal… na minha casa, eu moro sozinho então é normal.. eu tirei toda roupa e pulei na piscina… e cara.. tava GELADO PRA CARALHO… era tipo o que? Final de Janeiro?? TAVA UM FRIO DA PORRA EM LOS ANGELES… Mas é… além de correr o risco de ter um choque hipotérmico, aquilo me aliviou muito da carga pesada que eu tava sentindo após escrever aquelas coisas… e no fim das contas aquilo se tornou um hábito, sabe? Haaha-- por que sempre depois de todas as sessões do The Feeling Is Mutual, eu criei esse hábito de dar um pulo na piscina gelada pra descarregar, tanto que até tinha uma música entre as que não foram pro álbum, chamada “Cold Shower”.... que falava sobre estar no limite de quebrar, mas caso eu quebrasse… não ia ter ninguém pra me juntar… Hmmm eu acho que seria muita maldade eu só mencionar a música… ENTÃO VOU SER MAIS MAL AINDA E CANTAR UM PEDACINHO DELA… pera aí..
Apollyon corre pegar sua guitarra na estante ao lado, confere se está afinada, e logo começa a tocar, sem palheta, com os dedos mesmo.
I've been working on my brain
Some nights I choose between some sleep or pain
Like putting out an album or become insane-sane-sane
But I don't wanna talk about it
So fucking cold shower, making me a coward - now
Been taking tasty a shot sour, made outta nuclear power, now..
I'm lookin' way too good in this broken crown
But I won’t give you the taste of my breaking down
Cause when I see your name I keep screaming louder, louder, lauder
So tonight another cold shower
[Apollyon]: Eh… nossa até me doeu cantar um pouco isso porque tipo… não pelo sentimento HAHAHA.. por que assim… como eu identifiquei que a música não combinava com o que eu queria pro álbum, eu parei de investir nela… então as rimas da letra estão todas tortas e tals… é.. bem ruim… MAS ENFIM..Depois desses episódios eu descarregava minha energia pulando na piscina fria pelado. Resolvia? Sim. Eu recomendo? Nem um pouco. Eu era idiota o suficiente pra achar que colocando minha saúde em risco ia melhorar alguma coisa… mas claramente não ia, então pros pais aí.. eu não tô influenciando filho de ninguém a pular na piscina no meio do inverno não, beleza? Se quiser a mesma sensação.. sei lá, toma um banho gelado… NÃO MUITO LONGO… mas toma.. vai aliviar o stress, te deixar acordado, melhorar o fluxo da circulação de sangue no corpo… é.. take a fucking cold shower, porra… Mas voltando a The Feeling Is Mutual.
Eu queria aquele sentimento bom que eu tinha quando escrevia as músicas do Panci!, então peguei todo o repertório que eu me inspirava quando escrevemos e compusemos o Pray For The Wicked, e meti bala. Fazendo os arranjos, essa parte do começo… - Brendon toca os acordes que estava se referindo - Me lembram muito de Queens Of The Stone Age.. vocês conhecem? Porra eu espero que sim.. mas eu lembro que não conseguia tirar da cabeça… e foi uma puta oportunidade pra homenagear eles, mas não, não é um sample, eu só estou me referindo ao padrão das batidas.
Logo no começo você consegue ouvir o reverberador beeem fraquinho, olha.. - ele coloca a guitarra no pedestal novamente, e toca a música em seu notebook, que está logo atrás dele, referenciando do que falava no momento. - É como se eu estivesse cantando diretamente perto da parede, e minha voz estivesse batendo nela, e voltando, pro microfone. Sim, eu gravei isso bem perto da parede, mas o reverberador foi adicionado na produção, pra causar o efeito como se sei lá.. eu estivesse bem na sua frente, olhando bloodshot dead eyes nos seus olhos, te mandando pra casa do caralho...HAHAH… mas é, a execução disso serve pra ambientar a música, e eu usei mais vezes aqui e ali no decorrer do álbum… E aí tem a melodia do refrão que chega com os dois pés na cara, e é justamente o que eu queria com as letras… “Espero que você me odeie agora” num tom mais calmo, já que o pré-refrão é a parte lenta, calma, com os versos sentimentais… puxando a indagação… e no refrão as guitarras entram com tudo “Ahhhh por que eu te odeio também…. URGHHH”... claro que eu não odeio o Jongin, seria infantil de mais da minha parte odiar ele HAHHA, já fiz muita coisa infantil na minha carreira e não precisava desrespeitar meu ex pra adicionar mais uma na lista, mas no momento, eu achava que odiava, e seria bom colocar isso pra fora…. por isso apesar de parecer que eu tô reproduzindo um sentimento ruim, eu só tô colocando pra fora minhas frustrações.
A minha parte favorita é o solo de guitarra… pera eu preciso fazer.
Brendon pega a guitarra do pedestal de novo, e manda com força o solo de guitarra que compõe a bridge da música, fazendo expressões faciais com a mesma intensidade que acerta as cordas de sua guitarra.
[Apollyon]: É… essa é a minha parte favorita, por que aqui SIM eu coloco corpo e alma na música. Okay que é “só um pedaço de instrumental”, mas não é não. Se você estuda ou estudou teoria musical como eu...ou nem isso porra, você não precisa ser estudado pra saber que a música… a arte no geral serve pra comunicar algo, transmitir sentimentos, e coisas do tipo, então essa é a parte que eu mais “me exibo” como guitarrista, e me sentia “olha só porra eu sou muito foda, não preciso de ninguém nem de porra nenhuma” HAHAHA…. enfim. Foram nessas circunstâncias que The Feeling Is Mutual nasceu.
TRACK 03: Heresy
[Apollyon]: Cara, eu jurei que as pessoas gostariam mais dessa… mas aparentemente segundo as críticas é descartável… Olha, assunto aparte, mas eu acho que você tem que ser um completo fudido desocupado pra num álbum dizer que algo é “descartável”, principalmente se não é algo que necessariamente tá sendo lançado pra apelo comercial… tipo?? Cara você tava quando foi escrito? Sabe as circunstâncias que fizeram essa música tirar o lugar de outra no corte final? Sabe o que a pessoa passou pra escrever algo assim? Não sabe, porra! Então não venha digitar sua crítica com esses dedinhos sujos de quem finge ser conceitual pra dizer que uma música é descartável. A gente tá o que… em 2008? Quando a crítica se sentia fodona, e acreditava que manipulava a mídia decidindo o que era bom ou não? Eu cito aos BALDES vários álbuns com amarelo ou vermelho que são mais promissores que as carreiras de quem escreve essas coisas… Hoje em dia parece que saúde mental é muito abordada na mídia, mas é totalmente ignorada por outro lado… parece que as pessoas que mais pregam sobre respeitar a saúde mental alheia são as que REALMENTE menos estão preocupadas se dizer “SEU MATERIAL É UM LIXO DESCARTÁVEL E REPETITIVO” vai fazer o artista deitar a cabeça no travesseiro de noite e pensar “Porra, tudo que eu vivo e transformo em arte tá sendo chamado de descartável, será que eu não sou bom nem pra única coisa que eu dedico a minha vida?”... tem maneiras e maneiras de você ser construtivo em dizer algo, sem ser um babaca…
Brendon pisca os olhos, vendo que se alterou um pouco, e até faz uma pausa, para beber água e relaxar os músculos do corpo um pouco, mas logo volta até a cadeira onde estava.
[Apollyon]: Pois bem: Heresy! Heresy é sim a música mais “azeda” do álbum, onde eu pego pesado em coisas que… talvez não tivessem .. No instrumental tem uma mistura de guitarras.. uma bateria BEM pesada e BEM presente… com alguns elementos eletrônicos, que amarram o rock alternativo que essa faixa traz, tendo sido sinceramente, uma das faixas mais divertidas de produzir, por que eu consegui tirar minha cabeça do stress que as letras me causavam e sei lá… experimentar algo diferente e novo que não fosse avacalhar o som do meu álbum.
Como eu disse em The Feeling Is Mutual, aqui eu também usei das minhas raízes no Panic! At The Disco pra escrever a letra.. tendo um “Q” sexy.. irônico.. e mesmo assim um pouco desesperado e dolorido HAHHAHAHAH… mas essa é com “beleza eu tô machucado mas olha aqui, eu sou fodão” HAHAHA… na vibe só, porque claramente a letra é sobre a dúvida que eu tinha… em cair na tentação que foi toda essa viagem em me permitir sentir os sentimentos que eu senti pelo Jongin, da maneira que eu senti. Não é nada de “Nossa como fui burro, não devia ter amado tanto”, claro que não, eu sempre amo com todo meu coração, pois se não por que eu vou amar, né? Mas é algo mais tipo “Eh, eu paguei pra ver… mereço estar assim agora.”
TRACK 04: Nocturne
[Apollyon]: Aqui meus compadres… aqui a coisa fica feia. Alguns dias depois de ter lançado o álbum eu tomei um puta esporro do meu psiquiatra que casualmente foi ouvir o The Feeling Is… eita porra, me confundi.. essa é em blaze of glory HAHAHAH MEU DEUS CARA-- Calma… Okay.. NOCTURNE… Também fala um pouco sobre drogas pipipipopopo, mas é principalmente sobre as consequências de “Não estar na mesma página” quando está num relacionamento complicado como o meu e o Jongin era. Morando longe um do outro… BEM LONGE NÉ… vidas cheias de tarefas, agendas lotadas, a gente só se via basicamente nos eventos… e tals. A letra SIM se torna meio pesada, por que eu admito que precisei me afastar pra não aparecer na mídia todo fodido do jeito que eu estava: bebendo constantemente, com os olhos cheios de olheiras… é.. acabado. Mas também é uma das letras e produções mais interessantes do álbum.
Então essa intro…
Apollyon volta para o computador e dá play em Nocturne, mostrando o som estridente da intro da música, e logo pausando depois.
[Apollyon]: Essa intro é um elemento muito usado em trailers de filme e coisas assim.. é como, um som crescente subindo em frequência… não necessariamente subindo na escala das notas… eu acho que seria como numa escala cromática na verdade… mas eu precisaria fazer um podcast só falando disso.. enfim..é um som que beem lentamente vai subindo e trazendo para um clímax… e serve justamente pra construir essa ansiedade… e normalmente nos filmes é cortado direto pra um susto, ou algo assim, mas aqui corta pra algo igualmente assustador… dor HAHAHAH-- brincadeira… é pra um corta clima, meu vocal bem seco e sem efeitos. Na melodia eu tenho algo que é muito “meu”... sabe eu sou bem chato nas minhas produções com isso, e tava até comentando com a Banshee esses dias… a melodia vocal… nas linhas com as sílabas precisam ser BEM precisas… tipo… elas não poderiam, de uma perspectiva rítmica… se atropelarem sabe? Pisar uma em cima do começo da outra… em algumas músicas eu até tento isso mas AH… eu não gosto muito… menos em versos rápidos, mas não é bem o caso…
No refrão, é meio como se eu estivesse construindo as camadas de instrumentos uma em cima da outra, e desse um chutão, e essa “parede de som” vem na sua direção. Isso eu me inspirei, por que é usado bastante em músicas pop-punk, o que eu achei bem bacana incrementar aqui, e que seria meio inesperado de conter.. onde tipo, você alinha as guitarras em ambos os lados, acerta elas com toda força, e deixa isso tudo vir na direção do ouvinte…
Em outros pontos, Nocturne foi bem complicada de construir.. mesmo sendo bem instrumentos aqui e ali, foi bem complicado… porque tipo, nela você tem guitarras cruas, baixos crus, uma linha BEM ESPESSA de bateria em cima de tudo.. e isso toma muito “espaço” dentro de uma música sabe? É muito fácil errar em algo e suar como uma cacofonia.. mas eu compenso nessa parte usando os meus vocais bem aerados… tipo em “Another takedown, to avoid being a breakdown, cuz I can't let you know, I can't let them know” ou nos “La la la la la la la la la” mesmo… e por tem bastante ar nas notas do vocal é como se houvesse bem mais “leveza” na obra final… tipo, o meu tom vocal é bem extenso, eu consigo ir pra cima e pra baixo na escala sem dificuldade, então é como se minha voz não estivesse “lutando por espaço” com os outros instrumentos.. acho que é o melhor jeito pra descrever o que eu tô querendo dizer.
E mesmo sendo bem acústico, tem a guitarra sempre fazendo um “vibratto” no fundo.. cara o Jhon Mayer faz muito isso, e ele é FODA-- é como se… pera…
Apollyon pega de novo sua guitarra do pedestal para demonstrar.
[Apollyon]: Quando você tem bastante retorno ou muita distorção numa guitarra… você pode fazer isso…
Apollyon toca uma nota simples, e assim que a nota começa a ressoar, ele balança a guitarra em seu joelho, fazendo a onda sonora “balançar”.
[Apollyon]: E você pode ficar movendo a sua guitarra, como se você tivesse dançando com a nota na palma da sua mão, e fazer essa nota durar quanto tempo você quiser.. e eu uso em bastante notas… não bastante mas tipo.. em dosagens artísticas HAHA-- e aqui eu uso pra construir a tensão que sobe pro refrão.
TRACK 05: blaze of glory
[Apollyon]: Sendo bem sincero, quero tirar os elefantes da sala aqui logo no começo… O primeiro… e talvez mais irrelevante.. Essa era uma interlude para outro álbum. Essa interlude estava anteriormente no Phase IV, que é um dos álbuns que tenho um conceito e sonoridade desenvolvidos, mas por agora estão bem engavetados. O Phase IV é acho que a coisa mais conceitual que eu já criei, por que ele é todo inspirado no filme de mesmo nome, Phase IV que revolucionou a porra da industria do cinema. O filme foi considerado PÉSSIMO, HORRENDO, ESCABROSO na época que saiu, mas hoje ele é considerado um clássico revolucionário na cinematografia e percepção narrativa.. é um filme de terror e ficção científica de 1974, dirigido por Saul Bass.. e basicamente fala de um fenômeno cósmico que torna as formigas seres inteligentes e tals… e o meu álbum.. pelo menos o que eu já tenho dele, traria uma perspectiva enorme e bem polarizada sobre como o tempo tem sido gasto e investido no que a gente chama hoje de “humanidade” mas na verdade estamos só correndo atrás de maneiras de morrer mais rápido. Não só isso, claro.. tem uma música com a Electra Kholer.. na verdade era com o Shadows Of The Night todo...que ainda não tem nome mas.. hmm eu não acho que vou lançar o álbum, então vou tocar um pouco dela.
Ele pega a guitarra, pluga no sintetizador e começa a tocar.
I'm a spirit in a tomb
Won't somebody raise the roof
I'm going white, I'm going black, I'm going blue
Do you mind if I'm exhumed?
I'm the ashes in the plume
I'm a beggar in the ruin
I'm peaking out, I'm burning up, I'm shooting through
I'm only lonely for the truth
[Apollyon]: Esse não é nem o refrão, mas eh… a abordagem lírica é BEM diferente do que eu costumo escrever, por isso eu não sei ainda se gosto do álbum… talvez algum dia eu esteja num estado de espírito mais apropriado.Enfim, como mencionei sobre a polarização do álbum, blaze of glory justamente falava sobre minha conexão emocional com o KJ, que na época que eu escrevi a música, ainda era meu noivo. Claro que eu mudei a letra, porque muita coisa aconteceu nesse meio tempo, mas o conceito da faixa continuou. Essa era a música que eu estava falando, que meu psiquiatra ligou depois de ouvir o The Feeling Is Mutual me dando o maior esporro por ter usado drogas e medicamentos ao mesmo tempo. Agora eu estou limpo, felizmente. Até o final do álbum eu já tinha cortado todas as drogas e seguido à risca os medicamentos, e é justamente isso que eu recomendo: Cara não importa sua dor, drogas NUNCA vão resolver. Não tô aqui pra dizer OHHH não usem drogas, como se eu fosse um tiozão chato.. por que né… - ele faz um sinal de fumo - mas não usem esse tipo de coisa pra afogar sentimentos. Isso só vai retaliar seu corpo mais ainda.. não só retaliar como retalhar, já que progressivamente seu corpo associa a dor com a desconexão dos sentidos, fazendo você ficando cada vez mais incapaz e longe de superar…. Como diz o título, blaze of glory é quando você entra numa luta sabendo que vai perder, mas entra mesmo assim pra não morrer como indigno, sabe? E era exatamente assim que eu me sentia… eu e o Jongin começamos a namorar numa época onde pra mim, eu já tinha certeza que não acharia mais amor na vida… então foi uma grande surpresa.. mas é… às vezes alguns sonhos não são pra todas as pessoas.
TRACK 06: Lightmare
[Apollyon]: Eu deixei pra me arriscar justamente na última faixa do álbum. Lightmare certamente é a mais dolorida das letras… eu escrevi ela sóbrio, sem drogas no corpo, e surpreendentemente, não estava chorando. Foi a última música que eu escrevi e produzi.. e foi o melhor jeito de fechar o álbum. Depois de sentir tanta coisa… de escrever tanta coisa… de visualizar tantos sentimentos de maneiras diferentes, eu finalmente consegui enxergar de uma maneira “fria” novamente. Fria entre aspas, por que quero dizer sem aquela cortina de dor na frente. Cest La Vie… é a vida.. sabe, você entender o que aconteceu, como acabou e por que acabou são os últimos passos pra você superar. Eu diria que superei o Jongin? Sim… e não. Não é uma questão de superar pra mim, por que agora a gente é amigo, quando estávamos no Brasil até almoçamos juntos, e logo logo pretendo trabalhar com ele novamente, mas é algo importante pra mim lembrar. Como eu falei eu acho que os capítulos de amor da minha vida se encerraram com ele, então é bom eu me lembrar do que foi, pra não precisar sentir falta.
Logo após nosso término eu tive sonhos quase todas as noites. Na verdade no dia em que eu j-- no dia que nós terminamos, eu não bebi, cheirei, injetei ou consumi nada, mas eu fui pro meu quarto e APAGUEI-- eu acordei tipo.. 16 horas depois, com a Serenna lambendo meu braço achando que eu tinha morrido HAHAHA-- aí eu tava super confuso, e quando fui na sala, vi minha TV quebrada… é, eu tinha feito isso… mas eu juro que não bati no Jongin, por mais que ele estivesse pedindo.. literalmente… e comecei a entrar no inferno. Eu as vezes caia no sono sei lá… fazendo comida, e o rosto dele me acordava, quando eu via meus olhos já estavam cheios… e foram piorando aos poucos… eu acordava oito.. dez vezes por noite repetindo a cena dele me contando o que tinha feito.. (Nocturne saiu daí também).. mas progressivamente, chegando no final da produção do álbum eu continuei tendo os mesmos sonhos, mas eles passaram a significar coisas diferentes, sabe? Eu não estava só com raiva e triste… mas eu conseguia ver nos olhos do Jongin quanta dor ele estava sentindo, como devia ter sido pra ele viajar 13 horas só pra me contar aquilo… e aos poucos os sonhos foram mudando.. ele ainda vinha aqui na minha casa me dizer o que aconteceu, mas minha reação era diferente, eu perdia o medo, perdia a raiva… mesmo sabendo que obviamente o que ele fez foi errado, são sentimentos no final das contas… então deixaram de ser pesadelos… e achei que seria o nome mais apropriado possível “Lightmare” em oposição a Nightmare…
E na sonoridade eu queria que soasse como aquele momento que você respira fundo e enxuga as lágrimas, fiquei algumas horas no piano até montar o começo da melodia, mas quando veio… veio com TUDO.
Francamente, o The Feeling Is Mutual pra mim é um full-circle moment. Ele conta exatamente o que me ocorreu nestes meses todos. O cataclisma, a dor, a raiva, a angústia, a auto-destruição, a pena, e por fim, a aceitação… não só que meu casamento acabou, mas que eu já vivi o que tinha pra viver no amor… e como falei antes, alguns sonhos não são pra todo mundo… e esse provavelmente não é um pra mim…
[Apollyon]: E é isto… cara eu espero que tenham gostado desse primeiro episódio de Urielectric: Beebo Talk… HAHAH cara eu adorei fazer… é muito foda abrir meu coração pra música desse jeito… principalmente sabendo que estou trazendo conhecimento junto.. eu.. devo fazer um Spin-Off especial com músicas que eu descartei do The Feeling Is Mutual, talvez até do Aphantasia… mas vejamos… por que não são TAANTOS descartes, mas ei lá… uns 15? E obviamente não vou mostrar todos, porque nunca se sabe quando posso me sentir na vontade de usar eles novamente HAHA… Bem.. esse foi o primeiro Urielectric Beebo Talk e… BOM DIA NESSE CARALHO!!!
[DIVULGAÇÃO PARA FEEL ON ME E THE FEELING IS MUTUAL]