Post by ggabxxi on Aug 19, 2020 18:23:05 GMT -5
Entrevistadora: Bom, para a edição desse mês, eu tive o prazer de entrevistar uma das maiores artistas do atual cenário musical, Vivien Turner. Ela é dona de um single que ocupou a primeira posição na América e na Europa, além da segunda posição no mundo inteiro! Seu único single conseguiu o título de Best New Track pela Pitchfork com nota 9.7. Agora, ela vem contemplar seus admiradores aqui do nosso país! É um prazer conhecê-la, Senhorita Turner.
Vivien: É igualmente prazeroso estar aqui nesse país maravilhoso! Muito obrigado por serem ótimos anfitriões.
Entrevistadora: Esperamos que você esteja se sentindo muito bem aqui.
Vivien: É claro que eu estou! O Japão é um país adorável!
Entrevistadora: Com certeza! O que você mais gosta aqui?
Vivien: Eu amo a atitude das pessoas daqui. Todos são muito educados e mesmo assim tão intensos! O Japão é ótimo exemplo de que disciplina não é oposto de autenticidade.
Entrevistadora: Ótima observação!
Vivien: E, bem, eu também gosto muito da cultura pop japonesa, seja na música, na literatura ou até na cinematografia. Eu gosto muito dos filmes animados do Studio Ghibli! Eles são tão belos! E apesar de “O Serviço de Entregas da Kiki” não ser coerente com a realidade, acho que ele foi uma das melhores representações de uma bruxa que eu já vi. O valor que damos para a bondade e ajudamos os outros... É muito bom ver como a visão da cultura de vocês não conhece quase nenhum limite de ódio e preconceito.
Entrevistadora: Muito obrigado! Bom, recentemente, a tracklist de seu novo álbum, The Cocoon And The Butterfly, foi divulgada. Nós adoraríamos se você pudesse falar um pouco mais sobre as faixas e sobre o conjunto, como um todo! Você pode?
Vivien: Eu estava planejando dar mais detalhes em outra ocasião, mas eu posso, com certeza, fazer uma descrição do meu belo filho de uma perspectiva geral! Bom, eu já disse que todo o meu álbum conta duas histórias sucessivamente. Uma delas é sobre a história de uma mulher que passou por várias experiências, algumas boas, algumas ruins, mas todas inevitáveis. A outra é a história da simples vida de uma borboleta. Ela sai do ovo, passa um bom tempo da sua vida comendo folhas, então cria o seu casulo, passa por uma metamorfose e enfim se torna um lindo ser vivo, com asas coloridas e majestosas. É possível e na verdade muito interessante traçar paralelos entre essas duas vidas. Nós também temos nossas próprias crisálidas, nossas próprias metamorfoses. Ah, eu me encho de empolgação ao falar do meu álbum! Acho que não tem problema falar um pouco sobre cada faixa, certo?
Entrevistadora: Bom, eu acho que não!
Vivien: Muito bem! Então vamos lá. Bom, o álbum começa bem pessoal, fala sobre experiências da minha vida e a cada música, um pouco da minha visão de mundo é revelado. “You” fala sobre um amor não correspondido, ainda que exista uma relação. Essa é uma das situações mais triviais da nossa grande jornada como ser humano, certo? E mesmo assim, ela é essencial para entender que há algumas coisas que não se pode mudar. É um exemplo bem simples de como nem tudo na nossa vida está ao nosso alcance e isso é inevitável. Você pode até fazer com que a pessoa amada fique com você, mas não pode fazê-la te amar. “You” fala um pouco sobre como foi minha experiência com isso, como eu estive à mercê da vontade de alguém e mesmo assim, não pude fazê-la me amar. “Heart Of Steel” é basicamente sobre um jantar em que eu estive com um antigo parceiro. Mas na verdade, esse jantar é algo muito simbólico na minha vida. Foi quando eu entendi que é possível perceber quando é a hora de ir embora. De deixar uma pessoa, uma vida. Essa música causa um efeito cinematográfico, um tipo de imagem acústica. Meu parceiro me subestimava enquanto falava sobre mim para os amigos no nosso jantar, então eu me levantei e fui embora, andando pela rua durante a chuva. Meu cabelo estava todo molhado. Um dos meus detalhes preferidos dessa música é que ela tem uma ligação com o imaginário de Chrysalis. Um verso de “Chrysalis” diz “calcificando lágrimas negras”. Chrysalis vem depois de Heart Of Steel, e esse verso faz alusão a toda essa cena do jantar. Em Heart Of Steel, as lágrimas negras (que não são nada mais que minhas lágrimas cheias de maquiagem) escorrem pelo meu rosto. Em Chrysalis, elas já estão calcificando. Isso é uma referência a como eu amadureci desde a situação em Heart Of Steel e sobre como as marcas dessa experiência foram essenciais para isso, para quebrar a minha própria crisálida. “Venture” é ainda sobre amor, mas não o romântico, e sim o amor entre amigos. Eu estava em um período triste da minha vida quando escrevi essa, não tinha ninguém próximo o suficiente para chamar de amigo. É claro que isso veio antes de eu conhecer meus amigos que todos vocês sabem quem são. A questão é que eu me sentia incapaz de fazer amizades durarem e sentia que não era uma boa amiga para ninguém. Talvez eu seja aérea, mas eu com certeza sinto muito amor pelos meus amigos e faço o que posso para ajudá-los. “Promethea” fala sobre guerras. Sim, basicamente sobre as guerras horrendas que várias nações travaram, mas não necessariamente é só sobre isso. Nós também criamos muitas guerras que poderiam ser evitadas no nosso dia a dia. Nos versos, também existe uma referência à última faixa que é Le Dernier Vol, mas vocês já perceberiam isso assim que escutassem o álbum. “Trench”! Oh, Trench! Essa é uma das minhas preferidas. Ela fala sobre a empatia real, sem limites, sem filtros. É uma sequência muito bem colocada para Promethea, já que fala de evitar, ou melhor, de acabar com guerras! Fala também sobre como o ódio é um ciclo que pode ser quebrado com pouco esforço! Se duas pessoas se odeiam, basta que uma aprenda a vencer o ódio para que essa troca de más energias cesse! E como se aprende a não odiar? Acho que o primeiro passo é entender que ódio dado só traz mais ódio recebido, e quem quer ficar envolvido para sempre em uma troca eterna tão ruim? A troca de amor pela eternidade é algo muito mais interessante, certo?
Entrevistadora: Bem, é claro que sim! Quem em sã consciência quer odiar e ser odiado para sempre?
Vivien: Exato! Consciência é a palavra! Muitas pessoas não têm consciência de que odiar só alimenta a roda da violência, que se torna incessante por causa de nossas próprias ações! Bem, vamos seguir. Agora vamos para Chrysalis, certo?
Entrevistadora: Isso mesmo.
Vivien: Bem, o que eu posso falar sobre Chrysalis que eu ainda não disse? Acho que eu posso dizer que ela brilha muito mais incluída no álbum. Se você já gosta de Chrysalis, vai gostar ainda mais quando escutar The Cocoon And The Butterfly como um todo. Essa música é o começo do maior ato do álbum, que se segue em Life Locomotive, The First Flee, The Cocoon And The Butterfly e Le Dernier Vol. Chrysalis é uma das faixas mais simples, mas ela serve como uma chave para abrir os portões da maior contribuição do álbum aos ouvintes. Depois, de Chrysalis, vem a única colaboração no álbum, Life Locomotive com meu amigo Brendon. Ela é minha faixa preferida do álbum porque é a mais espontânea e mesmo assim, é tão bem construída! Ela é uma reflexão sobre a vida e nós a construímos em forma de diálogo. Eu achei que seria interessante imaginar Brendon como um pássaro mais velho, já que pássaros têm experiência com o vôo desde o nascimento. Isso é um simbolismo para alguém mais experiente na vida, e esse alguém é o personagem dele. No diálogo, eu, a borboleta recém-metamorfoseada, peço conselhos e tiro dúvidas com meu amigo, Brendon, o pássaro. E nisso, eles tecem uma conversação sobre a experiência de se viver nesse mundo. Amor, amizade, memórias, saudade, sexo... Oh, como eu amo essa música! Eu sinto que eu e Brendon criamos um potencial clássico da música com ela. Espero que eu esteja correta. Depois, temos The First Flee. Ela é especial também porque é uma ótima transição entre o clássico de Life Locomotive e o etéreo de The Cocoon And The Butterfly e posteriormente, de Le Dernier Vol. Além disso, ela fala sobre a dor de finalmente entender em que tipo de mundo vivemos e querer voltar à infância, quando nós ainda éramos ignorantes e não sabíamos até onde a maldade humana pode ir. Eu não acho que a ignorância seja uma benção, mas ela é necessária até que sejamos fortes o suficiente para saber a verdade. Nós precisamos desenvolver uma pele de pedra antes de descobrir que tantas pessoas sentem ódio, inveja, raiva. Que existem pessoas que acham certo controlar outras pelo medo. Que existem pessoas que acham que cabe a elas decidir quem merece viver, quem merece ser feliz. Isso é mais doloroso do que qualquer amor não-correspondido. Isso é o mais partido que seu coração pode chegar. Essa música é tão dolorosa que nós decidimos que precisávamos refletir isso também na melodia e nos vocais. Vocês vão perceber como essa é a música mais desagradável, mais estranha do álbum. E ela foi feita para isso! Bom, depois, temos a interlude The Cocoon And The Butterfly e a última faixa, Le Dernier Vol. A interlude não é nada muito sofisticado, é só um poema que eu escrevi para preparar as pessoas para o triste fim do álbum. Le Dernier Vol, para quem não sabe, é francês e significa “o último vôo”. Eu achei que “The Last Flight” seria algo muito previsível e como a letra dessa música tem trechos em francês, eu achei que seria mais agradável deixar o título da faixa também em francês. E, sim, a música fala sobre morte. Na verdade, nessa faixa, as duas histórias paralelas que eu citei no começo se ligam totalmente aqui, o momento da vida da mulher e da borboleta se converge em um só, a morte. É uma proposta parecida com Life Locomotive, exceto que dessa vez, a reflexão sobre a vida vem de uma perspectiva mais experiente, de alguém prestes a morrer, que já viveu uma vida inteira. E se antes, minha personagem estava recebendo conselhos do personagem de Brendon, aqui ela está dando conselhos. Eu cito nomes que sempre quis dar aos meus filhos, então é como se fosse uma máxima, minha última contribuição ao mundo, antes de levantar o último vôo da minha vida, o vôo mortal. O que eu gosto nessa música é que ela não fala da morte como algo triste, nem como algo feliz, mas trata somente como mais uma coisa inevitável. Uma última experiência, uma última sensação. O último espetáculo de nossas vidas. Confesso que mesmo tendo consciência disso, eu ainda não consigo evitar me sentir triste ao imaginar alguém que eu amo evaporar em questão de minutos, mas o luto também é algo inevitável, certo?
Entrevistadora: Com certeza! Bem, nós chegamos ao limite de nosso tempo...
Vivien: Oh, céus! Me desculpe, eu tomei todo o seu tempo com toda essa explicação!
Entrevistadora: Não tem problema nenhum! Essa entrevista rendeu muito, obrigada por compartilhar tanto de sua visão e de seus sentimentos com o mundo e confiar na Numéro para ser sua porta-voz!
Vivien: Eu é que agradeço por me ouvirem falar tanta baboseira! [dá risada]
Entrevistadora: Bem. A brilhante artista entrevistada nessa edição já lançou um single! Escutem Chrysalis em seu serviço de streaming preferido e salve antecipadamente o álbum The Cocoon And The Butterfly que já está em período de pré-venda!
DIVULGAÇÃO PARA CHRYSALIS