Post by onikastallion on Sept 8, 2020 10:33:34 GMT -5
ONIKA STALLION CONVERSA SOBRE RACISMO
Na manhã de hoje, Onika Stallion compareceu à Queen Radio, para conversar sobre o racismo e divulgar seu novo single. A artista que retornou do seu hiatus prolongado com um single nada comum e cheio de referências e críticas a sociedade. Além disso, a rapper conquistou seu primeiro #1 na Hot 20 de Singles com Futuristic Woman. No programa, a rapper expressou suas opiniões e ideologias com o radialista Stefano Louis.
STEFANO: Bom dia à todos! Nesta manhã, conversaremos sobre causas importantes e teremos uma convidada especial para nos ajudar a conversar sobre. Atualmente, ela está centrada em trazer trabalhos mais conceituais e com críticas sociais. A rapper Onika Stallion, que retornou do seu hiatus, é a nossa convidada de hoje. Seja bem vinda, como você está?
[ONIKA]: Bom dia ouvintes! Estou muito bem e você?
STEFANO: Estou ótimo também querida! A pauta da nossa entrevista de hoje será o racismo, que infelizmente, ainda é muito presente na nossa sociedade. Mas antes de começarmos, vamos descobrir como você decidiu lançar essa música para anunciar o seu retorno.
[ONIKA]: Bom, como eu já disse, eu estava sentindo que precisava fazer algo pela minha cultura e antepassados. Por mais que eu estivesse ausente, eu estava acompanhando tudo e não vi trabalhos relacionados à isso, e então resolvi fazer.
STEFANO: É uma ótima iniciativa, visto que grande maioria se cala perante à absurdos como este. Vamos iniciar nossa entrevista, a primeira pergunta é: Você acha que a escravidão ainda existe?
[ONIKA]: Sim. A escravidão continua existindo, só mudou de cara. Observe, não somos mais presos por correntes ou grilhões, mas a nova Era da escravidão é tão cruel que somos vistos como inferiores, subalternos, sub-humanos e pior ainda, sem poder de decisão. O poder branco é branco, uma voz negra não tem importância para a sociedade. Continuamos vivendo da maneira que a sociedade branca permite. Para escapar desse ciclo, nós precisamos entrar numa guerra por liberdade; para existir, precisamos mostrar que fazemos parte deste mundo, o que é um absurdo. Dos tempos da escravidão passada até hoje, praticamente nada mudou. Um exemplo disso é que precisamos de cotas para provar que somos inteligentes, que temos capacidade de estudar e aprender. E respondendo a sua pergunta, sim a escravidão ainda existe.
STEFANO: Bom, eu concordo com você. Acho que não houve uma evolução enquanto sociedade. No meu ponto de vista, se realmente tivesse existido a famosa evolução social, não acredito que o racismo hoje em dia, existiria. Agora, você acha que a educação pode melhorar o racismo?
[ONIKA]: Exatamente. Eu acredito que precisamos ter a consciência de que somos todos iguais. Mesmo as pessoas brancas, entre si, se sentem umas melhores que as outras; com relação aos negros, esse sentimento é elevado à potencialidade. Se assim fosse, não existiria racista educado, ou seja, independe da educação: eu conheço pessoas cultas, educadas, mas que são racistas. O que precisa haver é a consciência de igualdade, de que o outro é igual a você, para que não exista o sentimento de racismo, que continua explícito, claro e transparente – só não existe para quem não é vítima desse sentimento, vide, os brancos.
STEFANO: Onika, você é mundialmente famosa e provavelmente viaja o mundo inteiro. O que você apontaria de diferença entre o comportamento dos americanos e de outros povos?
[ONIKA]: O racismo nos Estados Unidos é muito grave, muito cruel, porque parte da desinformação e do egoísmo. Em outros países, existe, mas, quando acontece é direto. Por exemplo, o Brasil. Estive lá em 2019 para assinar alguns contratos. Lá, as pessoas, além de racistas, são covardes. A grande maioria prefere dizer que o racismo não existe, e, muitas vezes, fala que ele tem um motorista preto, uma babá preta, uma empregada preta e que essas pessoas são aceitas em suas casas – como pessoas inferiores.
STEFANO: Sim, a sociedade está cada vez mais premeditada à classificar as coisas. Eu concordo plenamente com o seu posicionamento. Agora falando do Feriado da Consciência Negra, o que você acha que pode trazer? Ou contribuir com o extermínio do racismo.
[ONIKA]: Desde o momento em que mexe na ferida, abre um espaço maior para a discussão – e eu acho que esse é o caminho. O grande problema de nós, negros, é a invisibilidade. Você não precisa se preocupar com aquilo que não vê ou acredita que não exista. Um dia como este, mesmo para as pessoas que preferem jogar o assunto para debaixo do tapete, ainda que por alguns segundos, ela precisa pensar que, a longo prazo, pode modificar o problema racial no nosso país, e acredito que no mundo de modo geral.
STEFANO: Sua mãe, em algum momento já percebeu algum gesto de discriminação com você, quando era pequena?
[ONIKA]: Sim, e até mesmo agora que sou independente. Ela sempre me ensinou que existe gente de todas as cores e que todo mundo é igual, mas, ao mesmo tempo, ela sempre me preparou para a dor. Eu estudei em escolas de classe alta, com o dinheiro suado da minha mãe. Basicamente, eu era a única negra da sala. Eu lembro de uma vez, que eu estava sentada no intervalo e vieram me perguntar o porquê de eu não ter cabelo loiro ou liso. E eu sempre dizia que ninguém era igual. A única esperança que eu tinha, e que me deixa um pouco otimista, é que pelo menos, eu convivi com outras crianças de almas puras. Sempre tive uma boa base educacional. E sou muito grata por isso.
STEFANO: Sua mãe te ensinou muito bem. E sim, infelizmente, algumas crianças apresentam esse tipo de comentário, visto que são criadas numa bolha onde a maioria dos brinquedos ou personagens são brancos. E em falar nisso, você acha que com a evolução deste discurso, os Estados Unidos passou a fabricar mais bonecas negras?
[ONIKA]: Existem pouquíssimas. Aqui não temos referencias negras positivas para criar e orientar nossos sucessores. Se você vai a uma peça, os heróis são brancos, as princesas são brancas, os vitoriosos são brancos. Qual papel que sobra para o negro, na ciência, na literatura ou teatro? Basicamente, quando conseguimos reconhecimento, na visão do mérito, não é um mérito, é uma concessão. Geralmente, somos escalados a fazer papéis menores, ou de baixa importância. Mas respondendo, eu acredito que sim. A evolução deste discurso, fez com que marcas famosas de bonecas e brinquedos pudessem reproduzir os mesmos, com referências negras. Mas, eu ainda acho que podem fazer mais.
STEFANO: O que significa a cor de pele para você?
[ONIKA]: Para mim, a cor de pele nada significa porque eu costumo ver a alma – o que realmente me interessa é o caráter e a capacidade de amar. No mundo em que vivemos, de competição e exclusão, esse tipo de sentimento não significa nada.
STEFANO: Onika, eu gostaria de agradecer muito a sua participação neste debate, mas infelizmente chegamos ao fim. Fico feliz que você expressou as suas ideias em relação ao racismo. Aos ouvintes, pedimos que estejam sempre abertos à aceitar as diferenças.
[ONIKA]: Eu que agradeço, fiquei bastante feliz pelo convite.
STEFANO: Agora vamos de divulgação e vamos ouvir o novo single de retorno da rapper! Futuristic Woman.
Confira o link abaixo para ouvir o single da rapper:
mdseason1.boards.net/thread/212/onika-stallion-futuristic-woman
[DIVULGAÇÃO PARA FUTURISTIC WOMAN BY ONIKA STALLION]
mdseason1.boards.net/thread/212/onika-stallion-futuristic-woman
[DIVULGAÇÃO PARA FUTURISTIC WOMAN BY ONIKA STALLION]