Post by ggabxxi on Dec 1, 2020 0:31:00 GMT -5
A terceira faixa se chama Venture, como vocês já sabem. Bem... Eu saí de casa muito nova e não pude contar com os meus pais então eu desenvolvi desde cedo a ideia de que eu não poderia confiar em ninguém e isso me fez criar barreiras sociais e ter uma bateria social muito fraca também, eu sempre fui sozinha então não conseguia durar nada em situações sociais, festas, reuniões ou algo assim, em duas horas no máximo, eu já estava esgotada e desconfortável. Eu demorei para ter amigos. Minha primeira amiga foi Norma Claire, que foi também minha primeira chefe, então... Bem, vocês já imaginam. Eu não conseguia confiar realmente em ninguém.
“Looking from inside all these walls
afraid of going out and fall
I drove everyone away, they’re gone
I always wonder
How can I ask someone to be my friend
when all I do in the end
is ask to be left alone?
and throw them under”
Eu acho que não há muito o que explicar aqui. Eu estava imaginando uma lagarta em um casulo, passando por uma metamorfose e achei que faria sentido falar sobre isso porque eu acho que refletir sobre isso foi um dos maiores sinais de que eu estava amadurecendo. Eu sempre reclamava que não tinha amigos e achava que era só porque eu nunca tinha achado as pessoas certas, mas lentamente, eu fui começando a me observar mais a procura de padrões de comportamento que causavam o afastamento de todos que eu considerava de alguma maneira e foi aí que eu percebi uma tendência horrenda da minha mente de sempre achar que eu estou incomodando todos com a minha presença, sempre achar que é uma questão de tempo até todos se cansarem de me ter por perto então eu sempre me fazia não estar mais por perto porque eu achava que era o único jeito de me poupar da dor de ter que me acostumar com a solidão toda vez que eles fossem embora. Acontece que a maioria nunca chegaria a pretender ir embora, entendem? Mas por algum motivo, eu achava que todos tinham. Eu ainda tenho essa tendência, eu ainda choro toda noite antes de dormir imaginando quanto tempo as pessoas que eu amo ainda estarão comigo, mas uma pessoa muito especial me fez perceber que eu consigo manter minha consciência quanto a isso, eu consigo manter em minha mente a sabedoria que me permite entender que essa tendência não me mostra a realidade, é só um mero mecanismo de autossabotagem que não necessariamente diz quem vai embora e quem vai ficar. Essa parte fala de quando eu comecei a desenvolver essa consciência, comecei a ver tudo por um lado mais racional e menos doloroso.
“I have lots of things to say
maybe that’s what pulls them away
maybe I’m always scary right on”
Esse trecho fala sobre um hábito que eu tenho de sempre criar intimidade muito rapidamente com um amigo, amante ou qualquer pessoa com quem eu tenha ou queria ter uma boa relação. Eu sempre compartilho demais minha história, meus medos, meus anseios... E a maioria das pessoas se assusta com isso, eu acho, nós somos criados para lidar com poesia, números, gramática, pneus e dinheiro, mas não somos criados para lidar com pessoas, quem dirá pessoas fragilizadas. A falta de conhecimento, o fato de que eu fazia as pessoas perceberem que elas não sabem lidar com pessoas sem muitas convenções sociais como eu é intimidador. E eu também me sinto intimidada, às vezes, quando eu não me sinto sábia o suficiente para lidar com alguém que precisa ou só deseja a minha atenção, mas ainda sim, eu não entendia porque esse efeito fazia-as se afastarem. Quer dizer, se você não sabe fazer algo, de que outro jeito vai aprender se não pela prática?
“Help me break these walls (x2)
Help me break these walls (x2)
I swing my arms to the wind
and I hope to find
Someone to come in
my heart and be kind
I swim through the ocean
searching in every wave
Walk in the woods hoping
to find someone in a cave”
Tudo isso me fazia tão solitária! Passar os dias sem sequer sair de casa... descer as escadas, trabalhar em minha loja, subir as escadas, chorar até dormir e começar tudo de novo no outro dia. Eu não pareço mais tão bem-resolvida, certo? Bem, todos nós temos nossos demônios e nós lutamos contra eles e perdemos várias batalhas até começar a entender as táticas de guerra e observar as fraquezas deles, começar a golpear áreas mais sensíveis que seus chifres e sua pele escamosa. Não se enganem, essa guerra nunca é vencida ou perdida, ela é constante, toda noite uma nova batalha pela felicidade e pelo amor, mas eu acredito em mim. Eu acredito em vocês, eu acredito em nós!
“Around me there’s a cocoon
that always makes them leave so soon
but I don’t wanna be a rolling stone
in motion forever
I know someday I’m gonna flee
out this world leaving things unseen
maybe then I can rest better”
Bem, essa próxima estrofe expresa basicamente a mesma ideia das primeiras, mas o que eu quis dizer com não querer ser uma pedra rolando, em movimento para sempre é que um dia eu quero cessar esse ciclo insano que chamamos de vida em um sistema. Não, eu não quero morrer, mas eu quero me isolar somente com os pertences necessários e a companhia mais desejada e estimada. Eu quero, um dia, viver o mínimo possível no capitalismo com um amor que durará até o fim das nossas vidas. Depois, eu falo sobre ter a consciência de que eu vou morrer um dia e deixar várias coisas para trás, várias coisas por fazer e talvez, enfim, descansar. Isso são motivações que eu encontrei para batalhar contra a tendência que eu descrevo no começo da música. Eu vou morrer um dia e eu não poderia morrer sem conquistar amizades verdadeiras e calorosas, sem encontrar alguém que eu ame profundamente que sinta o mesmo por mim, na mesma intensidade. Essas coisas me fizeram querer ser alguém mais social, alguém que tenha por quem viver e morrer, entendem?
“But I’m not ready
I’m too dull to fly
even if there’s someone to me
adventuring in the sky”
Bom, eu passei a ter consciência de que eu precisava trabalhar em alguns aspectos de mim mesma antes de embarcar nessa jornada no céu azul cheio de borboletas e pássaros prontos para me amar e acolher. Eu precisava treinar meu vôo pos ainda era muito lenta para acompanhar os rasantes fascinantes das criaturas que eu observava de longe, de dentro da minha verde crisálida e bem, não faz mal fantasiar que existe alguém voando sozinho pronto para sentir o calor da minha companhia, não é? Sonhar é o que mantém nosso mundo girando, eu acho...
“Oh, the walls
that hold me in
are also the ones
that keep me living”
E... bem, eu tive um momento de dúvida, de desespero, eu pensei o que seria de mim sem todas as barreiras que eu criei, eu sempre tive muito medo de me fazer vulnerável e sentia que ia me machucar profundamente e acabar com injúrias irremediáveis... Apesar dessas barreiras me fazerem sofrer, eu sentia que elas existiam para me proteger de algo bem pior, o que até certo ponto é verdade porque sentir minha primeira decepção amorosa foi muito pior do que não conseguir sentir nada. Mas acho que valeu a pena sentir essa dor porque eu também senti o amor. Eu me senti amada e valorizada durante um tempo então acho que é uma troca justa, não? A abstinência do amor é quase insuportável, quase letal, mas é inevitável, então o que eu posso fazer? Me fechar para o amor para sempre não me parece uma opção saudável.
E a vocês?
[DIVULGAÇÃO PARA LIFE LOCOMOTIVE E VENTURE]
“Looking from inside all these walls
afraid of going out and fall
I drove everyone away, they’re gone
I always wonder
How can I ask someone to be my friend
when all I do in the end
is ask to be left alone?
and throw them under”
Eu acho que não há muito o que explicar aqui. Eu estava imaginando uma lagarta em um casulo, passando por uma metamorfose e achei que faria sentido falar sobre isso porque eu acho que refletir sobre isso foi um dos maiores sinais de que eu estava amadurecendo. Eu sempre reclamava que não tinha amigos e achava que era só porque eu nunca tinha achado as pessoas certas, mas lentamente, eu fui começando a me observar mais a procura de padrões de comportamento que causavam o afastamento de todos que eu considerava de alguma maneira e foi aí que eu percebi uma tendência horrenda da minha mente de sempre achar que eu estou incomodando todos com a minha presença, sempre achar que é uma questão de tempo até todos se cansarem de me ter por perto então eu sempre me fazia não estar mais por perto porque eu achava que era o único jeito de me poupar da dor de ter que me acostumar com a solidão toda vez que eles fossem embora. Acontece que a maioria nunca chegaria a pretender ir embora, entendem? Mas por algum motivo, eu achava que todos tinham. Eu ainda tenho essa tendência, eu ainda choro toda noite antes de dormir imaginando quanto tempo as pessoas que eu amo ainda estarão comigo, mas uma pessoa muito especial me fez perceber que eu consigo manter minha consciência quanto a isso, eu consigo manter em minha mente a sabedoria que me permite entender que essa tendência não me mostra a realidade, é só um mero mecanismo de autossabotagem que não necessariamente diz quem vai embora e quem vai ficar. Essa parte fala de quando eu comecei a desenvolver essa consciência, comecei a ver tudo por um lado mais racional e menos doloroso.
“I have lots of things to say
maybe that’s what pulls them away
maybe I’m always scary right on”
Esse trecho fala sobre um hábito que eu tenho de sempre criar intimidade muito rapidamente com um amigo, amante ou qualquer pessoa com quem eu tenha ou queria ter uma boa relação. Eu sempre compartilho demais minha história, meus medos, meus anseios... E a maioria das pessoas se assusta com isso, eu acho, nós somos criados para lidar com poesia, números, gramática, pneus e dinheiro, mas não somos criados para lidar com pessoas, quem dirá pessoas fragilizadas. A falta de conhecimento, o fato de que eu fazia as pessoas perceberem que elas não sabem lidar com pessoas sem muitas convenções sociais como eu é intimidador. E eu também me sinto intimidada, às vezes, quando eu não me sinto sábia o suficiente para lidar com alguém que precisa ou só deseja a minha atenção, mas ainda sim, eu não entendia porque esse efeito fazia-as se afastarem. Quer dizer, se você não sabe fazer algo, de que outro jeito vai aprender se não pela prática?
“Help me break these walls (x2)
Help me break these walls (x2)
I swing my arms to the wind
and I hope to find
Someone to come in
my heart and be kind
I swim through the ocean
searching in every wave
Walk in the woods hoping
to find someone in a cave”
Tudo isso me fazia tão solitária! Passar os dias sem sequer sair de casa... descer as escadas, trabalhar em minha loja, subir as escadas, chorar até dormir e começar tudo de novo no outro dia. Eu não pareço mais tão bem-resolvida, certo? Bem, todos nós temos nossos demônios e nós lutamos contra eles e perdemos várias batalhas até começar a entender as táticas de guerra e observar as fraquezas deles, começar a golpear áreas mais sensíveis que seus chifres e sua pele escamosa. Não se enganem, essa guerra nunca é vencida ou perdida, ela é constante, toda noite uma nova batalha pela felicidade e pelo amor, mas eu acredito em mim. Eu acredito em vocês, eu acredito em nós!
“Around me there’s a cocoon
that always makes them leave so soon
but I don’t wanna be a rolling stone
in motion forever
I know someday I’m gonna flee
out this world leaving things unseen
maybe then I can rest better”
Bem, essa próxima estrofe expresa basicamente a mesma ideia das primeiras, mas o que eu quis dizer com não querer ser uma pedra rolando, em movimento para sempre é que um dia eu quero cessar esse ciclo insano que chamamos de vida em um sistema. Não, eu não quero morrer, mas eu quero me isolar somente com os pertences necessários e a companhia mais desejada e estimada. Eu quero, um dia, viver o mínimo possível no capitalismo com um amor que durará até o fim das nossas vidas. Depois, eu falo sobre ter a consciência de que eu vou morrer um dia e deixar várias coisas para trás, várias coisas por fazer e talvez, enfim, descansar. Isso são motivações que eu encontrei para batalhar contra a tendência que eu descrevo no começo da música. Eu vou morrer um dia e eu não poderia morrer sem conquistar amizades verdadeiras e calorosas, sem encontrar alguém que eu ame profundamente que sinta o mesmo por mim, na mesma intensidade. Essas coisas me fizeram querer ser alguém mais social, alguém que tenha por quem viver e morrer, entendem?
“But I’m not ready
I’m too dull to fly
even if there’s someone to me
adventuring in the sky”
Bom, eu passei a ter consciência de que eu precisava trabalhar em alguns aspectos de mim mesma antes de embarcar nessa jornada no céu azul cheio de borboletas e pássaros prontos para me amar e acolher. Eu precisava treinar meu vôo pos ainda era muito lenta para acompanhar os rasantes fascinantes das criaturas que eu observava de longe, de dentro da minha verde crisálida e bem, não faz mal fantasiar que existe alguém voando sozinho pronto para sentir o calor da minha companhia, não é? Sonhar é o que mantém nosso mundo girando, eu acho...
“Oh, the walls
that hold me in
are also the ones
that keep me living”
E... bem, eu tive um momento de dúvida, de desespero, eu pensei o que seria de mim sem todas as barreiras que eu criei, eu sempre tive muito medo de me fazer vulnerável e sentia que ia me machucar profundamente e acabar com injúrias irremediáveis... Apesar dessas barreiras me fazerem sofrer, eu sentia que elas existiam para me proteger de algo bem pior, o que até certo ponto é verdade porque sentir minha primeira decepção amorosa foi muito pior do que não conseguir sentir nada. Mas acho que valeu a pena sentir essa dor porque eu também senti o amor. Eu me senti amada e valorizada durante um tempo então acho que é uma troca justa, não? A abstinência do amor é quase insuportável, quase letal, mas é inevitável, então o que eu posso fazer? Me fechar para o amor para sempre não me parece uma opção saudável.
E a vocês?
[DIVULGAÇÃO PARA LIFE LOCOMOTIVE E VENTURE]