Post by ggabxxi on Dec 17, 2020 14:20:01 GMT -5
[Um trecho de Life Locomotive toca na abertura]
Bom dia! Eu sou Vivien Turner e eu espero que vocês tenham tido uma ótima semana! Bom, como eu disse, eu faço vários tipos de arte além de música e escrever crônicas é algo que eu gosto quase tanto quanto escrever músicas, então, eu criei esse podcast para compartilhar um pouco das minhas crônicas com todos vocês enquanto faço algumas reflexões. Isso é algo que eu sempre quis fazer então desde já, agradeço a todos vocês por me proporcionarem o espaço para tal. Bom, Como vocês sabem, meu primeiro álbum de estúdio intitulado The Cocoon And The Butterfly foi lançado. O que vocês não sabem é que ele tinha uma interlude chamada The Cocoon And The Butterfly - Part 2, que era uma retomada da interlude The Cocoon And The Butterfly, uma grande reflexão conclusiva sobre tudo o que foi apresentado. E eu acredito que a nossa vida não tem nada mais que meias conclusões, nada realmente acaba enquanto estamos por aqui. Talvez, você termine um relacionamento mas as memórias dele andarão ao seu lado para sempre, te assombrando ou lembrando das felicidades que você teve na época, afinal nem tudo que nós terminamos voluntariamente é completamente ruim. É claro que se você termina algo por vontade própria, é porque uma parte considerável daquilo te machucava mas nada é tão simples assim por definição, nada é só bom ou só ruim, nenhum conjunto de memórias detém só mágoas e lágrimas. Eu já amei antes e não pude desfrutar totalmente desse amor. Agora, eu amo novamente e por mais que eu queira que tudo dê certo com meu doce Caleb, nada é tão simples assim. Nós estamos perfeitamente bem e há uma grande chance de continuarmos assim mas só o tempo dirá se o nosso futuro guarda amor e prosperidade ou a tristeza da interrupção. Nada é conclusivo, exceto a morte. Um dos meus artistas preferidos, o poeta brasileiro Fernando Pessoa, escreveu um dia: "Não me venham com conclusões! A única conclusão é morrer". Agora, por favor, não levem essas palavras para um lado sombrio. Eu não quero que nenhum de vocês pense que eu estou estimulando alguém à morte, não é essa a perspectiva que eu usei em meu álbum. Eu estou dizendo que talvez, nós queiramos mais do que só viver atrás de conclusões. Talvez, nós achemos a felicidade em coisas mais simples e mais prazerosas, como viajar com sua pessoa amada, ir atrás de coisas que você sempre achou fascinantes... Nós vivemos em um mundo que só nos apresenta problemas para resolver. O que ninguém te conta é que nem todos os problemas precisam de solução. Você não precisa lidar com coisas que te machucam ao ponto de te deixarem dias sozinho no escuro. Você pode acender as luzes e se divertir com algo ou alguém que sempre estampa um sorriso no seu rosto. Bem, eu já falei muito, agora, é hora de compartilhar com vocês, a minha crônica, descartada do álbum The Cocoon And The Butterfly, entitulada The Cocoon And The Butterfly Part 2.
[Começa a tocar o instrumental da interlude mas Vivien lê a crônica como se recitasse um poema]
"My dreams are never just dreams. They’re always a trip to infinity. My soul leaves my body and dance on the moon. My sons and daughters play with the stars. My baby’s jumps in my arms last forever. Me and my baby kiss each other and play love songs with our band. We are angels making art in God’s universe. Oh yes, I’ve seen God. It’s a beautiful woman. Her skin is soft and filled with melanin. Gold and silver line her diamond heart. She lets my family and my heroines paint the sky blue and black. She made me queen in the moon and I made it a comforting place for every sad soul, every exhausted mind. My moon is God’s heaven. My moon is a definitive beautiful conclusion. The ultimate conclusion of a lifetime of impossible finishes. The moment our memories turn into stardust forever, get gone, carried by the winds of history, and joins the golden sands of time. But the universe tricks us again, for the time is yet another greatness with no conclusion and we are like the snow of a broken snow globe, that leaves its own world just to find itself on another, much bigger and more fascinating world. That's what us, as loving beings, do. We live in a teeny world. And then, we break the walls to this world just to find another one. May it be our family's house world. Our school world. Our social circle world as a whole. Just like a worm that unravels itself inside a chrysalis so it can finally turn into a majestic lilac, blue and burgundy butterfly, we find ourselves inside our own cocoons, weaving our own infinite, and yet infinitesimal, metamorphosis."
Eu já tive alguns sonhos assim. Sonhos em que minha ideia de mundo ideal se mistura com figuras que me impressionam poderosamente e elementos fantásticos. Eu não sei o que trazem eles. Talvez todo o sofrimento psicológico que eu tive. Talvez, um dom. Ou uma bênção concedida a mim pela Deusa. De qualquer maneira, eu sou muito grata por esses sonhos. Eles me servem de inspiração para muitas coisas. Bem, é claro que eu fiz mais do que contar um sonho nessa crônica. Eu gosto de interpretar meus sonhos por conta própria e eu aproveitei essa crônica pra colocar algumas ideias que me agradam. Por exemplo, eu usei o termo Deus porque ele é culturalmente mais abrangente no mundo todo, afinal, o cristianismo é a prática religiosa dominante. Mas ao mesmo tempo, eu disse que Deus é ela. Ela, uma mulher de pele macia e cheia de melanina. Eu acredito em uma Deusa e eu suponho que a Deusa se molde à figura mais receptiva, compreensiva e amável do mundo. Que imagem tem mais dessas características do que a imagem de uma mulher negra? Mulheres negras são mestres da empatia e da força, afinal, todo o sofrimento que nossa sociedade possivelmente gera tangencia a vida delas de alguma maneira. Ver a Deusa como uma mulher negra me inspira genuinamente. E, bem, eu sou uma pessoa muito romântica, eu sempre incluo minha pessoa amada. Aqui, ela está comigo, cantando canções com nossa banda. Anjos fazendo arte sobre o universo de Deus, ou da Deusa. E ela proclamou que eu seria a rainha da lua, então, eu criei uma lua que pudesse ser acolhedora para todos, sem nenhum tipo de distinção. Se vocês repararem, essa crônica inspirou o videoclipe e duality video de Le Dernier Vol e Life Locomotive. E aí está a conclusão. Uma lua habitável pós-morte, com lindas músicas, anjos e amor verdadeiro. O momento em que viramos poeira de estrela, isso é mais uma coisa boa de se acreditar, certo? Desde quando somos crianças, nossos pais dizem que as pessoas que morrem viram estrelas e então apontam para o céu. Isso foi baseado em uma lembrança minha. Eu tinha um tio incrível e quando ele chegava em nossa casa, era o esplendor do meu ano. Ele era uma das pessoas mais amáveis que eu já conheci. E bem, um dia, ele estava na estrada vindo nos visitar de surpresa. Eu lembro que nós recebemos uma ligação e minha mãe atendeu. Ela começou a chorar desesperadamente, estava tão vermelha e... depois todos os outros... ninguém me dizia nada, então eu fiquei irritada. Alguns dias depois, minha mãe me levou ao nosso jardim durante a noite e nós sentamos na grama, com um prato de biscoitos e chá. Ela apontou para o céu e disse "Você vê aquela estrela? A mais brilhante no céu? É o seu tio Jonathan, sorrindo e acenando para você. Ele te ama, Vivi". Eu não tinha entendido muito bem mas não deixaria meu tio esperando, então sorri e acenei de volta, cheia de pedacinhos de biscoito ao redor da minha boca. É claro que eu demorei para entender, mais ainda para revisitar esse momento da minha vida, mas eu não acho que nós devemos nos desfazer de coisas que nos dizem quando somos crianças só porque crescemos. Por que é infantil ou imaturo acreditar que nossas almas integram estrelas quando saem dos nossos corpos? Mas mesmo assim, é impossível que minha lua seja uma conclusão definitiva porque o tempo não para e talvez nem seja linear, provavelmente não é, então, mesmo assim, a nossa vida, morte e pós-morte vão sempre existir em algum lugar na grandiosa tapeçaria temporal, não é verdade? E assim, acontece a nossa última viagem de um mundo pra outro, nada tão diferente de todas as viagem que já fizemos, sendo a primeira delas nascer. Quando saímos de seja lá qual mundo habitávamos antes para chegar a esse mundo. E nesse mundo, viajamos infinitas vezes entre mundos diferentes toda vez que nosso ambiente muda ou nós mesmos nos tornamos outra pessoa. O mundo da musicista Vivien Turner é diferente do mundo da Vivien, dona de uma loja de artigos esotéricos em Londres, certo? Elas vivem mundos diferentes e eu viajo entre eles todo santo dia. Eu tive que sair da casa dos meus pais antes, descobrindo o mundo da Vivien, funcionária de uma loja esotérica em Londres. Nada acaba, nem nós mesmos estagnamos, nós estamos em constante mudança, em infinitas e minúsculas metamorfoses, assim como eu concluo na crônica. Se vocês querem saber, eu ainda me arrependo de não ter incluído essa crônica no meu álbum mas quem sabe, ela apareça em meio às faixas bônus da versão deluxe? Bem, este foi o primeiro capítulo do nosso glorioso podcast The Lilies Garden. Eu espero que vocês tenham gostado e estejam se sentindo como eu, adoráveis. Que todos os seus dias sejam repletos de amor e esperança. Eu amo todos vocês imensamente. Tenham um bom dia!
[DIVULGAÇÃO PARA LIFE LOCOMOTIVE E PROMETHEA]