Post by luis on May 20, 2021 15:13:36 GMT -5
Podpah: Salve salve rapaziada, finalmente estamos ao vivo pra mais um PodPah, certo? Hoje nós temos uma convidada que dispensa comentários, cara, eu acho que nem sei como introduzir ela, juro. A mulher já foi tudo, já viveu tudo, ela já zerou a vida. Enfim, vou nem enrolar se não eu me perco. Nossa querida Lazuli!
(Podcast inteiro bate palmas)
Lazuli: Obrigada pessoal, obrigada. Obrigada também pra todo mundo que tá ouvindo! Sou uma fã desse podcast, vejo a galera comentar nas redes sociais, é realmente muito bacana ver um podcast tomar essas proporções. Quando eu era mais nova as rádios eram exatamente assim mas essa cultura meio que tinha se perdido né? Agora tá finalmente voltando.
PodPah: É louco demais esse lance de coisas antigas irem revivendo. A gente tem um mega trabalho aqui né, em divulgação e tals, mas a gente não imaginava que se tornaria uma tendência esse lance de podcasts ao vivo de novo. Tipo, isso lá pra gringa já tava pegando mas aqui no Brasil eu tava morto, e isso me deixava indignado pra um caralho. Eu pensava "mano, a gente tem a faca e o queijo na mão, ta ligado?"
Lazuli: Esse é o gás de pessoas revolucionárias de personalidade. Quando eu comecei minha carreira lá mocinha, com uns 18 anos de idade, minha indignação era a mesma que a sua. Eu tinha uma rádio favorita que era a Rádio FM, e quando chegava o horário dos maiores hits, era sempre as 15:00 da tarde, eu te juro, SÓ tocava música lá de fora. Eu ouvia aquela programação e pensava: cadê o funk, cadê o samba, cadê qualquer coisa em português? Cadê a nossa coisa, sabe? E isso foi me dando uma agonia até que eu bati o pé e falei: Quer saber? Eu posso fazer isso acontecer.
PodPah: Tipo a vibe "abre espaço que eu to chegando"?
Lazuli: (Risos) Não isso, mas tipo: Caralho, ninguém vai fazer nada?
PodPah; Não acredito que acabei de ouvir a ex-presidente do fucking Brasil dizer "caralho".
Lazuli: (Risos) Ai meu deus, desculpa! Pode xingar aqui, né?
PodPah: Por favor, a vontade! A gente tava falando da personalidade revolucionária né? Não é atoa que tu se tornou presidente.
Lazuli: Isso é o tipo de coisa que cresce demais com a gente porque eu cresci vendo injustiça. Sério, pega uma garota lá de Caxias, no inferno do Rio de Janeiro, e coloca ela pra estudar na Tijuca. Era um contraste surreal sabe? E aquilo doía meu coração de uma forma...
PodPah: Caralho...
Lazuli: Pois é e eu cresci com isso, eu entrei na ISERJ por concurso, então as vezes minhas amigas me chamavam pra almoçar e eu não podia, porque tudo naquele lugar era caro. Os colégios particulares em volta, os prédios, tudo aquilo me deixava tão aflita. Aí vem a adolescência, que é nossa idade de revolta né? Eu fiz acontecer.
PodPah: E como você fez acontecer?
Lazuli: Na época a Furacão 2000 tava bombando, eu tinha uns 17 anos e era bem saidinha (Risos). Tive a ideia de me inscrever pra uma audição porque na minha cabeça eles seriam A distribuidora, sabe? Lançariam meu disco, venderia no Brasil todo, talvez no mundo, e aí eu conseguiria esse meu sonho de ouvir os hits na FM e ouvir algo brasileiro. Mas aí tentei, não aceitaram, mas eu não desisti. Me inscrevi pro show de talentos do Caldeirão (Risos).
PodPah: MENTIRA
Lazuli: É sério (Risos). E aí eu fui sorteada e consegui me apresentar. Isso faz tanto tempo que eu acho que nem existem gravações na internet disso. Mas enfim, eu lembro de ter cantado Ave Maria, uma coisa hiper diferente do funk (Risos). Meu velho amigo Carlinhos tava na bancada, ele viu meus vocais e aí viu potencial em mim. Ele disse: garota, funk não é pra você. Você tem uma voz que vai muito além disso. Eu te quero lá fora! E eu levei um susto, né?
PodPah: É muito engraçado porque quando a gente sonha parece fácil, mas na hora do acontecer mesmo da um medo da porra. Você fica tipo "mano, isso vai acontecer mesmo. Meu Deus!"
Lazuli: SIM! E aí ele me levou até a gravadora dele, nos conhecemos melhor, conheci a gravadora inteira né, ficava em Ipanema. Aí ele disse que não perderia tempo e que na semana que vem mesmo já começaria as gravações do meu primeiro disco. Eu já tinha umas letras e melodias prontas, então era rápido, sabe? Foi aí que começamos a gravar o Teoria do Caos. O final dessa história vocês já sabem (Risos).
PodPah: E tudo terminou com Lazuli no PodPah (risos). Você gosta dessa trajetória, dessa trilha que tu fez?
Lazuli: Olha, honestidade total? Sim e não ao mesmo tempo. Minha discografia não é perfeita, eu mudaria muuuita coisa, nem sempre eu estive confortável, mas...O final valeu a pena, sabe? Hoje eu já me sinto tão concretizada e com a liberdade de fazer as coisas da forma que eu realmente gosto.
PodPah; Rolou muita pressão de gravadora?
Lazuli: Sim, principalmente na era Ultraviolet que foi a minha de maior sucesso internacional. Não é atoa o massacre de crítica, entende? Isso é uma coisa que importa muito pra mim porque eu cheguei num patamar da vida que a qualidade importava muito mais que o dinheiro que eu ganharia. Os discos anteriores foram sucessos, porque eu devia me render ao comercial, ao mainstream de novo? Mas tive que fazer. Deu certo? Deu. Faria de novo? Talvez com algumas mudanças. A Lazuli de hoje com certeza é alguém melhor e mais crescida.
PodPah: E a gente repara isso com as músicas né? Tem um contraste muito grande entre suas músicas atuais e as antigas. Você lançou Sinais de Fogo e isso é tão diferente de Eu Serei Resistência, por exemplo. Pode passar um trecho, produção?
(A produção passa um trecho do clipe de Sinais de Fogo, novo single de Lazuli)
Lazuli: Muito bom, obrigada! (Risos) Eu realmente amo Sinais de Fogo, na verdade amo esse novo disco inteiro, justamente pela experiência de criar ele porque foi simultânea ao meu documentário Relicário, que sairá em breve. Eu passeei pela minha vida e relembrei cada coisa durante esses 20 anos de carreira então foi algo bem emocionante. Sinais de Fogo tem muito de mim. Essa música grita a "Lazuli" e eu me orgulho demais disso.
PodPah: Lazuli, muuuuito obrigado pela sua participação incrível aqui! Sério, que papo gostoso!
Lazuli: Ai, eu que agradeço. Como eu disse, sempre fui uma grande fã do Podcast, então é uma honra estar aqui de certa forma. Foi bem bacana.
PodPah: Valeu rapaziada por nos acompanhar em mais um episódio do PodPah! Tchauuu!
(O programa encerra ao som de Sinais de Fogo)