Na tarde de hoje, a Rádio KCAQ 104.7 FM convidou a rapper Onika Stallion para bater um papo sobre o cenário musical do rap. A artista concedeu a entrevista de forma remota, por conta da pandemia. A conversa foi mediada pela radialista Kyra Stefan, que também expressou sua opinião no diálogo. Confira abaixo a entrevista completa.

ONIKA: Eu estou bem também. Eu não acho que revivi o rap feminino. Eu simplesmente cheguei e caí nas graças do público. Eu não me vejo nessa posição de rainha ou lenda do rap feminino. Eu consigo fazer alto números, tenho grande engajamento, mas acho que isso seria o mínimo. Eu posso dizer que eu não deixei a chama do rap apagar. Pois veja, quem foi a última rapper a entrar no Top 5 da Hot 100 nos últimos anos? Eu não sei quem conseguiu fazer isso, mas eu consegui. E não só consegui, como também estreei com a maior pontuação em #1, com Futuristic Woman. Então, eu prefiro dizer que eu não deixei o rap morrer de vez. Trouxe uma nova característica mais pessoal e etc.

ONIKA: Eu não tenho problema com nenhuma rapper feminina, felizmente. Eu evito me envolver em polemicas, eu não tenho tempo para isso. Deixo isso para as subcelebridades que tentam aparecer nos noticiários causando desnecessariamente. Eu prefiro aparecer nos noticiários com música ou com algum projeto meu. Mas, caso eu viesse a ter algum problema. Eu também evitaria falar isso em público. Eu venho de uma cultura onde nós escrevemos nossos raps. Então, se eu tenho um problema eu escolho um beat bacana, pego minha caneta e meu papel e escrevo sobre aquilo. Se eu tiver um problema com você, eu vou te responder te entregando um hit. Raciocine comigo: imagine que terror deve ser para a pessoa que procura briga comigo tendo que me ouvir em todas as rádios dos Estados Unidos e me vendo em diversos cartazes de divulgação por aí? Eu acho que a pessoa se morde por dentro. É aquele ditado popular: faça do limão, uma limonada. Sem contar que eu ainda saio lucrando com isso, pois o tanto de grana que entra na minha conta, é melhor eu nem falar.

ONIKA: Sim, mas hoje me arrependo. Aquele projeto mal feito de subcelebridade começou a me atacar no Twitter desesperadamente. Eu tive que responder pois as ofensas estavam passando dos limites. Eu falo sobre isso no meu álbum também. Mas, hoje olhando com uma visão mais ampla das coisas, eu poderia simplesmente ter ignorado ele e o deixado surtar sozinho. Inclusive, com o passar dos anos, eu aprendi que o ostracismo é a resposta para tudo. Se tem alguém que você não gosta, simplesmente ignore-a e siga em frente. É muito melhor que ficar rebatendo e brigando em rede social.

ONIKA: Eu amo meus fãs. Eu tenho um carinho imenso por eles, eles sempre me apoiam em tudo, estão sempre comigo e estão sempre querendo mais. Eu criei a minha rádio especialmente para eles, sabia? Para ter um espaço mais íntimo com eles, falar com eles, ouvir o que eles acharam das músicas e etc. Sobre os haters, realmente todo mundo tem. Mas eu também não dou importância para isso, eu foco nas coisas boas e também os ignoro. Logo, dou mais atenção aos meus fãs. Eu tenho uma teoria de que todo hater é fã incubado. Então se eles vão ao meu show para me vaiar ou me criticar, eu dou palco e peço para que os seguranças entreguem um ingresso no camarote. Uma música minha diz isso: dê um ingresso a ela, é uma fã.

ONIKA: Sim. Muitos artistas se beneficiam disso, mesmo que de forma negativa. Eu não gostaria de ter a minha imagem vinculada a algo negativo ou a barraco na internet. Eu prefiro que ela esteja vinculada somente a mim e as minhas músicas e marcas que assino contrato. Você sabe que eu sou jabazeira, então eu prefiro ficar quieta para que outras marcas possam entrar em contato comigo. Eu acho difícil marcas grandes como a Vogue, a Harper’s Baazar e até mesmo o Spotify fecharem contrato com artistas que passam o dia na internet brigando e respondendo haters. Amada, vá trabalhar e cuidar dos seus fãs... (risos).

ONIKA: É uma pergunta inusitada de se fazer. Você sabe que nós da classe artística sofremos com dinheiro e repasse. Temos que nos virar em 300 partes para conseguir manter nossos gastos e pagar nossas contas. Por exemplo, no Spotify eu consigo de lucro mais ou menos $ 400 mil dólares com uma música. Mas $ 180 mil é repassado para a gravadora, que detém os lucros para os próximos lançamentos. Fora isso, eu lucro também com as entrevistas que eu dou as revistas, nos programas de televisão e também nas rádios. As rádios sempre me pagam um cachê em média de $ 30 a 50 mil dólares. Eu digo a você, eu tenho muita grana guardada, tanto que eu tenho um closet só com bolsas chiques e de grife.

ONIKA: É bastante dinheiro, quando falado assim. Mas temos que pagar os dançarinos, os coreógrafos, os desenhistas. Sem contar que eu tenho uma instituição de saúde no Texas que precisa ser mantida mensalmente. No último mês nós registramos 140 pacientes curados da depressão e da solidão. É uma instituição voltada para idosos. Nós atendemos todos muito bem. Eu tenho ótimos funcionários por lá. Eu também estou vendo com o governo se eles podem disponibilizar algumas vacinas para que possamos imunizar as pessoas lá também. Eu tive uma resposta positiva e se todo nosso planejamento der certo, iremos receber as primeiras doses na próxima semana. Será aberta somente ao público da 3° idade.

ONIKA: Você sabe que eu sou arquiteta, não é? Então, sim. Eu que desenhei. Desde a faculdade eu sempre quis fazer algo para atender essa categoria de pessoas. Eu sentia que no Texas, especificamente em Houston, minha cidade natal, faltava um investimento do governo nessa área da saúde. Então, quando me formei, eu decidi construir com verba própria a minha instituição. Eu que desenhei todo o projeto. Contratei umas empresas de confiança e edificamos o local com muito amor e carinho. Hoje eu atendo cerca de 10 mil idosos mensalmente. Nós temos a ideia de expandir esse projeto para outros estados dos Estados Unidos e talvez expandir para fora do país também.

ONIKA: Eu que agradeço! Um beijo aos meus fãs e continuem ouvindo Win Again nas plataformas digitais. Eu acho que para finalizar com chave de ouro, podíamos ouvir agora, não é?