Post by andrewschaefer on Aug 7, 2021 16:31:06 GMT -5
Pitchfork
96
Live in Hardcore é um perfeito retrato de tudo o que estamos vivenciando como sociedade. Em seu terceiro álbum de estúdio, Plastique Condessa nos ambienta em um cenário caótico e distópico que infelizmente está mais próximo de nós do que deveria. A cantora denuncia e critica a negligência de nossos governantes frente a uma pandemia e consegue abordar diversos temas a partir disso, como o negacionismo de parte da população acerca de tudo o que está acontecendo e as consequências que vamos enfrentar, bem como as que já estamos enfrentando, citando a faixa "Unnatural" que discute a saúde mental de forma excelente. Com uma sonoridade que mescla a música industrial com influências de dirty trap ao rock e metal que nos é apresentado na segunda metade, Plastique novamente se consagra pelo seu experimentalismo e versatilidade como artista, mostrando que consegue se diferenciar de si mesma e da indústria e ainda manter a sua essência com um som original e pouco explorado atualmente no mercado. O disco é de uma fluidez impecável em que tudo caminha muito bem, tanto nos seus instrumentais bem pensados e encaixados quanto nas letras escritas de forma cautelosa. O Live in Hardcore é um verdadeiro grito de sofrimento de todo um planeta, um grito de exaustão ao qual Plastique deu voz. Os maiores destaques são "Death by Industrial" e "Dance On My Grave" com Genevive e Electra Köhler, respectivamente, sendo essas as faixas mais comerciais do projeto. Também merecem ser citados o single "Apocalypse Aesthetic" e a faixa "Cut" com o grupo Golden Castles.
AllMusic
90
Em Living In Hardcore (An 2020 Odyssey) Plastique Condessa faz um ensaio sobre as estruturas sociais através de uma visão revolucionária, onde cada verso importa e cada parceria é um diferente braço de um grande motim contra o capitalismo e suas mazelas. Tudo isso sangrando através das 11 faixas do projeto. De longe o melhor projeto alternativo do ano, e também o mais necessário, pela reflexão em tempos de pandemia. A sonoridade industrial, carregada e artificil evoca tudo que é criticado, mais uma analogia trazida pela mente brilhante da artista. Todas as músicas valem a pena ouvir, mas os destaques principais são Death By Industrial (feat. GENEVIVE) que introduz essa temática, Dance On My Grave (feat. Electra Kohler) que é com certeza uma das músicas mais sonoramente divertidas e bem pensadas, e Genocide, que esclarece muitos pontos de vistas e razões da existência desse album. Nessa incrível jornada que Plastique nos proporciona, faixas finais como Unnatural e The End For All Of It não parecem fazer jus a tudo que ouvimos até aqui, mesmo ainda continuando com letras de qualidade e boas produções, o final parece um pouco deslocado.
Apesar disso, esse com certeza um dos albums do ano.
The Telegraph (UK)
86
Plastique Condessa definitivamente não esperava que uma pandemia interrompesse seus planos após o ótimo Behind The Sun, questionando a todos o que estaria por vir, afinal. Essa resposta nos foi dada 3 anos depois, e pode-se dizer que foi uma espera muito bem recompensada.
Live in Hardcore soa como um caminho para a verdade não dita. Em resumo: o jogo é manipulado, o poder corrompe e a sociedade é, em uma palavra, uma merda. A arte de Plastique tem o poder de expor as mentiras. Suas músicas antigas focavam ou em criticas, ou em uma face mais pessoal. Isso nunca foi necessário pra nos fazermos sentir esse ódio do mundo, que está dentro de nós, pronto para se solto feito um monstro de uma jaula. Live in Hardcore foi a dose certa. A mistura mágica. Um álbum que te ensina a mostrar suas dores, cutucar as feridas, destruir os portões que nos impedem de voar, mas principalmente, enxergar o que está bem debaixo do nosso nariz. E que esteve debaixo do nariz de Plastique por muito tempo, mas que agora, ela enxergou.
Vai além da pandemia. Isso é a vida, como ela é. Não é o certo, mas é o que é. Já vimos outros artistas do rock fazerem projetos com temáticas parecidas, mas nenhuma foi tão bem executada como Plastique. O destaque vai para "Unnatural", que dói, mas parece conversar conosco. É no final dessa música aliás, que Plastique diz a pergunta, ainda sem resposta, que define o disco e a todos nós: "There's what survive feels to you?".