Post by onikastallion on Sept 5, 2020 18:09:23 GMT -5
ONIKA STALLION CONVERSA SOBRE RACISMO NA KIIS FM DE LOS ANGELES
Independente do dia, mês e data, é sempre importante lembrarmos que o combate ao racismo deve ser feito todos os dias, com isso, nesta semana trouxemos uma convidada especial para debater sobre o tema e apresentar as suas ideias. Na edição desta semana, Onika Stallion é a nova entrevistada. Nesta entrevista você vai ter a oportunidade de conhecê-la um pouco mais e entender suas ideias acerca de um dos temas estruturais na luta por direitos humanos nos Estados Unidos: o combate ao racismo. O radialista Phillip Cristian entrevistará a rapper. Confira abaixo a entrevista completa.
PHILLIP: Boa tarde à todos os ouvintes da Kiis FM. Hoje, estaremos conversando sobre algo mais importante, diferente do que geralmente conversamos aqui. E para me ajudar nesse diálogo, convidamos a rapper Onika Stallion, que acabou de lançar um novo single Futuristic Woman. Seja bem vinda, como você está hoje?
[ONIKA]: Boa tarde ouvintes! Estou muito bem. Gostaria de agradecer o convite. E por terem me escolhido para debater um assunto tão importante que é o racismo.
PHILLIP: Nós que agradecemos! Sim. Como a grande maioria já sabe, você estava fazendo um hiatus bem grande. E já conversou bastante sobre isso, hoje falaremos sobre algo um pouco mais importante, que é o racismo. Vamos começar a entrevista. Primeiramente, gostaria de começar te perguntando: Você é uma mulher, negra, nasceu em um bairro de baixa renda no Texas. Mas teve acesso à educação, e está terminando sua graduação de Arquitetura e Urbanismo, pretende fazer mestrado, doutorado e hoje é uma rapper internacional. Como a lógica da discriminação se manifestou ao longo da sua trajetória? O que você fez para subvertê-la?
[ONIKA]: Reconhecer que minha experiência pessoal foi uma exceção é um modo bastante explícito de mostrar a lógica do racismo e da discriminação racial nos Estados Unidos. Afinal, somos mais de 100 milhões de pessoas negras no país, mais de 50 milhões de mulheres negras – e pouquíssimas tiveram as mesmas condições de estudo e trabalho do que eu. Foi tudo muito difícil, mas contei sempre com a comunidade – família, comunidade e a vizinhança… muita gente fez o que pôde para que eu e meus irmãos pudéssemos superar as dificuldades.
PHILLIP: Como a discriminação racial afeta de diferentes formas homens e mulheres?
[ONIKA]: O racismo e a discriminação racial afetam a todo mundo que é negro, mas não da mesma forma. Quanto mais próximo do “ideal” que uma sociedade discriminadora como a nossa impõe: de ser branco, homem, heterossexual, residente em zonas urbanas, não ter qualquer deficiência – melhores são suas chances na sociedade. Assim, dá para entender porque a pessoa negra, sendo mulher, enfrenta barreiras nem sempre iguais a que um homem negro enfrenta.
PHILLIP: Na sua opinião, qual a melhor forma de lidar e combater a discriminação racial nos Estados Unidos?
[ONIKA]: Além de reconhecer a gravidade do problema e de enfrentá-lo com recursos a longo prazo, será preciso que haja uma política de Estado e compromisso da sociedade. Para criar e gerir as políticas de modo eficiente é importante conhecer o racismo em detalhes, saber onde ele está, como atua e seus efeitos sobre as pessoas – lembrando que estas políticas precisam ajudar a superar outras desigualdades também. Quero dizer com isso que serão diferentes políticas para diferentes grupos sociais vitimados pelo racismo – para mulheres, para pessoas LGBTQIA+, para homens, para jovens e também para os diferentes grupos que não são negros, mas que também precisam atuar cotidianamente para o fim do racismo.
PHILLIP: O que o Estados Unidos tem de diferente em relação a outros lugares do mundo onde a discriminação racial foi/é bastante intensa, como Brasil e África do Sul?
[ONIKA]: O racismo e a discriminação racial excluem e provocam dor e morte em qualquer parte do mundo onde ela acontece. Talvez, a diferença entre o Estados Unidos e estes dois países seja o fato de que começamos mais tarde e fomos mais tímidos em relação a medidas para enfrentar a desigualdade racial e acabar com o racismo. E mesmo assim, por aqui, já querem desmontar o pouco que foi feito. O que me assusta bastante. Ultimamente, vendo as notícias, vejo alguns governos se omitindo em relação à isso. E eu sempre carreguei comigo o lema de que: quem se omite é conivente com a situação. E por conta disso, tento trazer como forma de expressão, minha nova canção. Que além de falar de uma mulher do futuro, retrata a nossa sociedade em relação ao negro.
PHILLIP: É muito incrível o seu posicionamento com relação à tudo isso que está acontecendo. E é muito importante também, os artistas se posicionarem em relação à esses assuntos, visto que apresentam um grande alcance do público. Mas infelizmente, nossa conversa chegou ao fim, e gostaria de finalizar com você nos respondendo: Devemos entender que a reflexão sobre o racismo e o combate à ele deve ser permanente?
[ONIKA]: Sim. Enquanto rapper e arquiteta, nenhuma fala minha é irrefletida dentro da minha música ou do meu negócio. Tenho que ser criteriosa. Não posso falar qualquer coisa de qualquer jeito. Somos uma pessoa só e por isso temos que cuidar muito bem do que fazemos e falamos. Refletir sobre o que dizemos, pensamos e fazemos. Conhecer e respeitar a história do outro. Cuidar muito bem do como a gente faz e o que a gente faz. Se às pessoas negras não é possível o esquecimento do racismo porque não nos é deixado esquecer, que a prática profissional também não se esqueça que nosso trabalho diz respeito, radicalmente, numa redução do sofrimento alheio, não sendo possível, então, esquecer que o racismo mata.
PHILLIP: Onika, nós ficamos muito felizes com a sua presença nesta entrevista. E para fechar com chave de ouro, vamos ouvir o seu mais novo single, Futuristic Woman! Que inclusive, está disponível em todas as plataformas digitais. A transmissão foi finalizada com o single da rapper tocando na rádio. Confira o single também clicando no link abaixo:
mdseason1.boards.net/thread/212/onika-stallion-futuristic-woman
[DIVULGAÇÃO PARA FUTURISTIC WOMAN BY ONIKA STALLION]
[DIVULGAÇÃO PARA FUTURISTIC WOMAN BY ONIKA STALLION]