Post by ggabxxi on Sept 8, 2020 16:55:27 GMT -5
Oi, todo mundo, aqui é o Ícaro. Como vocês sabem, eu lancei meu EP lindíssimo chamado “Filho de Dédalo”, e se alguém não sabia, tá fazendo o que aqui caralho, vai escutar agora! Bom, eu sei que vocês gostaram de todas as músicas, mas eu queria saber qual delas vocês MAIS gostaram pra ver se o gosto de vocês é tão bom quanto o meu. Eu vou falar um pouco sobre cada uma e depois ler os seus comentários sobre elas. Bom, então vamos começar.
A primeira faixa é Concha Sem Pérola. Bom... Aqui, eu estou falando do primeiro contato com uma pessoa que eu já amei. Pra vocês, viadinhos que nunca amaram, é exatamente assim que acontece: você vê a pessoa, vê a si mesmo no reflexo dos olhos dela, e imagina tudo. E eu imaginei tanto... Eu sei que eu sempre me passo por uma piranha, eu gosto disso na verdade porque mantem as coisas simples pra quem quiser falar merda de mim e pra mim isso é ótimo, quanto mais falam de mim, melhor. Mas a verdade é que eu provavelmente sou a pessoa mais romântica e sensível que vocês vão conhecer na vida. Do nada, eu me pegava pensando se os meus animais de estimação se dariam bem com ele, como seria a conversa com ele quando eu fosse tocar no assunto de adoção... Eu me imaginava falando pra ele que queria adotar uma menina. Porque eu sempre sonhei em ajudar uma menininha a se vestir, a superar problemas com garotos... ou com garotas, talvez com os dois, não importa. Eu imaginava nós dois ficando velhinhos... Até imaginava ele indo deixar flores no meu túmulo todo dia, limpando a poeira do meu retrato com o dedão e lembrando de como ele gostava de deitar no meu peito, escutar a batida do meu coração. Depois, lembrando que meu coração não batia mais então ele nunca ia sentir aquilo de novo. Eu não sei vocês, mas eu acho a saudade um sentimento lindo, a maior prova de amor que alguém poderia me dar é falar que está com saudade de mim. De qualquer maneira que seja. Eu não lembro de ninguém falando que sentia minha falta, inclusive é por isso que Concha Sem Pérola existe. O homem pra quem eu escrevi Concha Sem Pérola nunca disse que estava com saudade de mim. Nós ficamos dez anos sem conversar e quando nos encontramos de novo, por sorte ou por destino, ele não falou de como sentia falta de mim. Ele não falou que tinha saudade de como ele se sentiu naquela vez que eu quebrei o braço e quando ele veio me ajudar, eu o abracei. Ele não falou que lembrava como se fosse ontem de quando eu deixei escapar que ele era lindo. Esse é o final de Concha Sem Pérola. Por esses detalhes, porque ele nunca sentiu minha falta, eu percebi que me enganei e que não tinha me encontrado no olhar dissimulado dele de verdade.
Ah, Casual! Essa música... Ela é uma maneira que eu encontrei pra falar de como eu achava que nada entre mim e esse homem tinha dado certo por minha culpa. Pra quem não sabe, eu passei por experiências ruins, abusos, quando eu era criança. Eles criaram certos gatilhos muito fortes em mim e limitaram minha capacidade de dar e receber contato físico. Eu me sinto estranho em abraços e um beijo de repente é como se fosse algo absurdo pro meu subconsciente, por mais que conscientemente eu queria aquele beijo mais que tudo. Eu tento explicar isso pra pessoas que eu quero beijar mas ainda sim, isso acaba se passando por um sinal de desinteresse na cabeça delas e eu não posso culpar ninguém por isso, afinal ser como eu sou nessas situações não é o convencional, eu não posso achar que alguém tem que fazer nenhum desvio no próprio caminho pra ser ideal pra mim e eu tentei mudar isso por ele, mas é impossível. Às vezes, eu queria que fosse possível fazer um transplante de cérebro e viver a vida como alguém que não tem esses traumas porque eu acabo sendo uma frustração total pra mim e pros outros também. Essa música fala sobre isso, se sentir nada mais que uma frustração na vida desse cara que eu amava tanto.
Bom, agora vem Eu Lembro. Eu Lembro foi a música que escrevi quando revisitei essa relação e as ideias que eu tinha quando escrevi Casual. E aí, eu percebi que nem tudo era minha culpa. Eu Lembro fala disso, de se livrar desse sentimento de ser um peso pra todo mundo que ouse me amar. Eu escrevi essa música só imaginando como seria isso já que mesmo depois até de lançar o EP, eu ainda me sentia como alguém que não merece ser amado, mas recentemente, eu conversei com uma pessoa e ela me convenceu de que eu posso pedir pra uma pessoa compreender meus traumas e ela vai pelo menos tentar fazer isso se ela me ama de verdade. Eu tenho sorte de ter alguns bons amigos. Eu Lembro não tinha tanto significado pra mim antes, mas as vezes isso acontece, eu escrevo sobre um sentimento que eu gostaria de ter e acabo não me identificando com a música porque eu só posso imaginar aquilo, não vivi aquilo de fato. Então, quando eu finalmente sinto o que eu descrevi na música, ela passa a ser bem mais do que eu imaginava. Eu finalmente consegui me recuperar do sentimento de culpa que eu descrevi em Casual e Eu Lembro fala, basicamente, dessa recuperação.
E agora, nosso single perfeito! Euterpe! Essa música, eu escrevi depois de beber um pouco, eu confesso. Ela fala sobre um tipo de recaída sexual que eu tive. Eu cogitei voltar pra essa pessoa que é presente no EP todo e quando me dei conta disso, eu percebi que ele não estava mais na minha mente por amor, só por minhas...necessidades físicas. No português claro, eu não sentia saudade de como ele me abraçava vendo um filme, só de como ele me pedia pra foder ele, é isso! Eu disse que era romântico, mas nunca disse que o outro lado da moeda não me interessa. Meus traumas me impedem de muita coisa, mas se você conhece meu corpo o suficiente, consegue me fazer lutar contra eles por um tempo. Eu não estou dizendo que esse cara conseguiu isso, ele não me conhecia at all mas isso não significa que eu não sentia uma vontade queimante de estar com ele, né?! Então, não tentem romantizar essa música, ela não é amorzinho, ela não é fofa, ela é depravada e sexual. Euterpe não é nada além de: você é um filho da puta e me faz mal, mas é tão gostoso que vinha na minha cabeça nas piores horas. E sim, a música fala sobre masturbação, eu batia o meu bolo pra não deixar ele bater ué, o que tem de demais nisso? Todo mundo precisa de uma ajudinha da própria mão pra superar macho escroto uma vez ou outra... ou sempre... Enfim, é sobre isso que fala Euterpe. Eu não sou artista de ignorar o sexo, como viado militante, eu vou quebrar tabus sempre que possível, é isto, não gostou passa aqui em casa pra eu te dar uma cancelada! Agora, eu vou esperar seus comentários e conversar com vocês sobre opiniões, talvez até curiosidades sobre toda essa história que inspirou Filho de Dédalo. É isto, deem stream no meu EP pra provar que é militante de verdade, tchau!