Post by onikastallion on Sept 11, 2020 16:21:49 GMT -5
ONIKA STALLION PARTICIPA DE DEBATE SOBRE RACISMO
Aos 22 anos, a rapper, empresária, atriz e compositora faz duras críticas ao preconceito racial nos Estados Unidos, que ela considera o país mais racista do mundo, mas é otimista: "Os EUA tem meios para se transformar na maior potência mundial." Em entrevista à Rádio Apple Music, Onika Stallion falou sobre cotas raciais, sobre as diferenças culturais com a França e sobre como é ser uma negra em meio à elite estadunidense. Confira abaixo a entrevista que foi mediada por Juan Hortz.
JUAN: Boa tarde à todos os ouvintes da Apple Music, estamos hoje com uma convidada super especial! Onika Stallion, que retornou aos holofotes e com causas importantes para discutir! Seja bem vinda.
[ONIKA]: Boa tarde! Muito obrigada. Muito feliz em estar aqui nesta tarde para debater sobre o racismo.
JUAN: Vamos começar o nosso debate! Qual a sua perspectiva sobre a raça? É realmente possível classificar os seres humanos dessa forma?
[ONIKA]: No sentido biológico não, somos todos humanos. Mas no sentido social há sim. Estamos presos nessa imagem de democracia racial e da mestiçagem, mas ao mesmo tempo reconhecemos que o preconceito por causa da cor da pele existe. O racismo é real e é um problema, então parece evidente que há um conceito de raça disseminado na sociedade.
JUAN: Você é a favor das cotas?
[ONIKA]: É muito confortável para o branco falar em meritocracia, dizer que somos todos iguais e ser contra as cotas. Mas em 127 anos após a fim da escravidão, a sociedade brasileira ainda não resolveu seus problemas de forma orgânica, natural. As cotas são humilhantes, mas são necessárias. É uma etapa para reequilibrar a sociedade.
JUAN: Por que para combater o preconceito, é preciso estimular uma consciência racial? O orgulho pela miscigenação nacional passe a ser um empecilho nesse objetivo?
[ONIKA]: Não é preciso, mas sei que muitos pensam assim. Muitos ativistas negros não querem nem se relacionar com brancos; e essa postura é errada. O branco de hoje não é responsável pela escravidão, mas tem responsabilidade em equilibrar a sociedade em que vive. Esse orgulho é relativo, pois ao mesmo tempo em que o brasileiro gaba-se da miscigenação e da suposta democracia racial, não há 50% de negros ou pardos protagonistas em nenhuma área da sociedade, na política, na televisão, na direção das empresas.
JUAN: Poderia dar exemplos de situações em que se sentiu discriminada?
[ONIKA]: Já passei por muitas situações. Fui barrada em um hotel cinco estrelas da Alemanha por ser negra, minhas bagagens sempre são revistadas nos aeroportos, também sou questionada por não estar de branco em shoppings aqui em Miami e isso é frequente. Falo com sotaque e uso roupas de grife, mas muitas pessoas só olham para a cor da minha pele.
JUAN: Você é famosa por ter um discurso conciliador e otimista...
[ONIKA]: Não bato de frente, uso um pouco de diplomacia, de dança, para me livrar de situações embaraçosas e criar pontes, abrir portas. Meu discurso é mais digerível que o de muitos militantes negros radicais.
JUAN: Você não tem medo de virar um clichê?
[ONIKA]: Cair no cliché não me importa porque como artista eu enxergo as coisas que muitas vezes grande maioria não conseguem ver. Uma das coisas que mais me chama a atenção na cultura é o chamado complexo de vira-latas, que faz com que o estadunidense precise ir morar fora para se dar conta do quanto ele tem empatia, orgulho, compaixão e conexões com os Estados Unidos. É algo que está no ser, na alma. Isso faz com que nós sejamos muito sensíveis.
JUAN: Num país miscigenado com a tradição de autodeclaração racial, são seria melhor fazer cotas por critério econômico?
[ONIKA]: Ser pobre nos EUA é muito difícil, mas ser pobre e negro é muito, muito, muito mais difícil. As cotas têm de ser econômicas e raciais. Esse discurso da democracia racial brasileira é bonito, mas não é real. Não há 50% de negros ou pardos protagonistas em nenhuma área da sociedade, na política, na televisão, na direção das empresas. Não vamos conseguir superar os quase 400 anos de escravidão sem políticas de inserção de negros e pardos pobres em todos os setores da sociedade. É uma reparação para equilibrar a sociedade. Basta olhar a sociedade brasileira, que 128 anos depois da abolição ainda é extremamente desigual.
JUAN: Nós da Radio Apple Music estamos bastante felizes de ter você como convidada para este debate, mas chegamos ao fim. Gostaríamos de agradecer sua presença.
[ONIKA]: Eu gostaria de agradecer pelo convite. Amei o nosso debate, e estou disposta a participar mais vezes. Um beijo e abraço a todos que acompanharam a nossa transmissão. E ouçam minha nova música, Futuristic Woman.
JUAN: E em falar nela, vamos ouvir! Com vocês: Futuristic Woman!!!
A música se encontra disponível em todas as plataformas digitais, confira o link abaixo para mais informações:
mdseason1.boards.net/thread/212/onika-stallion-futuristic-woman
[DIVULGAÇÃO PARA FUTURISTIC WOMAN BY ONIKA STALLION]
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[DIVULGAÇÃO PARA FUTURISTIC WOMAN BY ONIKA STALLION]