Post by onikastallion on Sept 12, 2020 14:54:29 GMT -5
ONIKA STALLION DEBATE SOBRE PROTESTOS NOS ESTADOS UNIDOS
A rapper, empresária e compositora Onika Stallion, define o comportamento dos americanos em relação ao racismo. Nesta entrevista à Rádio Power 101.1 FM, ela conversa sobre o que precisa ser feito para combater o racismo e o papel dos pais na educação dos seus filhos. Leia abaixo, os principais trechos da entrevista:
NICOLE: Boa noite à todos os ouvintes! Hoje iremos conversar com uma artista, que estava bastante sumida e só prometendo lançar músicas e nada de cumprir: Onika Stallion! Seja bem vinda à Rádio Power 101.1 FM, tudo bem? Está preparada para o debate de hoje?
[ONIKA]: Boa noite! Muito obrigada pelo convite! Estou muito bem e ansiosa para a conversa!!!
NICOLE: Então vamos começar a nossa entrevista. O tema de hoje é racismo. Qual é a sua avaliação sobre os protestos contra a violência racial que estão acontecendo nos EUA? Em uma live, você mencionou que o tema só ganha destaque quando ocorre um grande caso.
[ONIKA]: Olha Nicole, nos EUA, a violência racial é um tema que tem sido debatido historicamente pelos movimentos negros, mas aqui, o que tem acontecido nos últimos tempos como as manifestações, reações e protestos, pelo que acompanhei, só teve uma manifestação dessa magnitude na época do movimento dos direitos civis. É claro que as manifestações são fundamentais: é importante ir às ruas, denunciar o que está acontecendo, mas às vezes a gente limita isso a questão das manifestações, e muitas vezes as pessoas apoiam o que está acontecendo em outros países sem enxergar o nosso. Esse é um dos pontos críticos, entende? Eu sinto um cinismo por parte de muitas pessoas que quando a gente convoca atos, essas pessoas não vão ou naturalizam com os assassinatos ocorridos e depois elas aparecem chocadas ou chorando.
NICOLE: Entendo perfeitamente! Qual a outra forma de fazer resistência, além dos protestos?
[ONIKA]: Veja bem, historicamente, desde o período escravocrata, os próprios quilombos, que foram organizações políticas de resistência e enfrentamento à escravidão. Diversas formas de fazer resistência. Aqui, nós somos muito privados da nossa própria história de resistência. O que nos contam é que os negros foram escravizados e ponto. Sem falar da resistência deles. Observe que o número de negros vem aumentando no nosso país. Isso porque, muitas delas se declaram. Nós vivemos num país de elite branca, criado a partir desse mito de democracia racial, que não existe racismo e quanto isso dificultou a construção da identidade negra. Isso gera um abismo enorme, uma lacuna na evolução da nossa identificação.
NICOLE: No mesmo momento em que a violência policial ganha destaque no debate popular, você acha que houve mudanças por parte deles?
[ONIKA]: Apenas passageiramente. Mas não acredito na mudança, visto que existe o privilégio branco no nosso país. Eles sabem que nada vão acontecer com eles, então, basicamente vivemos essa transição social de manifestações e repressão à eles, e alguns meses depois, viveremos a mesma coisa. Houve um caso, em que um branco xinga um policial e nada acontece. Agora eu te pergunto, imagine se fosse um negro? Nós, como pessoas negras, nunca falaríamos assim com os policiais. Eu tive dois irmãos, que foram assassinados por policiais, e meu pai desde muito cedo falava para eles: ‘’ saia sempre com seus documentos, se a polícia repreender, abaixa a cabeça e não responda. Eu acredito que, é necessário pensar uma outra forma de segurança pública nos EUA, que não seja a criminalização de espaços periféricos, uma política de descriminalização. Um exemplo que eu gosto de dar quando sou entrevistada sobre isso: Se nós fossemos para qualquer festa de universidade, nós sabemos que as pessoas consomem drogas, mas vão dizer que esse combate será feito? Logo, é necessário pensar, assim como diversos países têm discutido, em descriminalizar algumas drogas, porque, querendo ou não, beneficia a estrutura branca, rica e patriarcal do nosso país.
NICOLE: Como você lida com o governo atual, que é, altamente racista?
[ONIKA]: Eu sempre evitei falar sobre questões partidárias, mas com esse governo é impossível se omitir. Esse governo deixa muito claro quais são as suas políticas em relação à população negra. É importante entender que nós, enquanto pessoas negras conscientes das questões raciais dos EUA, não temos que dar respostas em relação à essas falas emitidas por eles. Eu acredito que a sociedade precisa urgentemente cobrar do governo que autoriza esse tipo de discurso. Tenho muito receio de que isso se torne uma briga de negros contra negros, :que é isso que esse governo quer que aconteça.
NICOLE: Em uma entrevista, você disse que estava abismada com a quantidade de pessoas que te procuraram para conversar sobre. E afirmou que, as pessoas não devem perder tempo respondendo alguns comentários. Você vê as redes sociais como aliadas para promover debates que o movimento negro quer levantar?
[ONIKA]: Eu acho que sim, a depender das estratégias que a gente usa. Eu sou uma pessoa que passei a ter muita visibilidade após meu hiatus das redes sociais e retornei com esse single. Nós não podemos esquecer que ao mesmo tempo que a gente ganha uma amplificação das nossas vozes, a internet também amplifica as vozes das pessoas que pensam o contrário de nós, então nós também enfrentamos uma série de ataques vindo dessas pessoas. Então, o que eu sempre digo: não devemos perder tempo ouvindo essas pessoas, visto que elas são um desvio de energia. Os negros já tem tão pouco espaço no nosso país, tão pouca visibilidade, que o pouco espaço que a gente tem é importante usar como estratégia para comunicar nossas pautas para o maior número de pessoas. Me refiro a não perder nossa energia com esse tipo de distração, de ataque. O importante é sempre chamar as pessoas para um diálogo, para uma reflexão da nossa sociedade relacionada à este tema.
NICOLE: Qual o papel dos pais na formação de crianças antirracistas?
[ONIKA]: É um papel altamente fundamental. Muitos desses pais vieram da mesma escola que eu, que conta que os negros foram escravizados e pronto. É fundamental o ensino da nossa história nas escolas. Os pais podem, na escola que vão matricular os filhos, saber se eles ensinam tal assunto, se não, cobrar da escola que seja, olhar material dos alunos para ver se contempla a multiplicidade do povo. Acredito que os pais também precisam se conscientizar da educação que estão oferecendo aos seus filhos, quais são as possibilidades. E também entender que não basta só a educação dentro de casa. A criança vai para a escola e encontra os amigos. É um desafio. Minha mãe sempre me ensinou isso, que é importante eu estar atenta a isso para que eu vá nesses espaços também.
NICOLE: Infelizmente a nossa entrevista chegou ao fim! Nós da Power 101.1 ficamos gratos de te ter aqui conosco. Para finalizar a entrevista, vamos ouvir seu novo single Futuristic Woman! Tocando agora..!!
NICOLE: Infelizmente a nossa entrevista chegou ao fim! Nós da Power 101.1 ficamos gratos de te ter aqui conosco. Para finalizar a entrevista, vamos ouvir seu novo single Futuristic Woman! Tocando agora..!!
O single também está disponível nas plataformas digitais, confira o link abaixo:
mdseason1.boards.net/thread/212/onika-stallion-futuristic-woman
[DIVULGAÇÃO PARA FUTURISTIC WOMAN BY ONIKA STALLION]
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