Post by onikastallion on Sept 28, 2020 10:31:39 GMT -5
ONIKA STALLION EM ENTREVISTA À RÁDIO KFOX 95.5 FM
Na tarde de hoje, a rapper Onika Stallion compareceu aos estúdios da Rádio Kfox 95.5 FM para conversar sobre a importância do posicionamento negro na sociedade. A entrevista foi mediada pela radialista Diana Winfrey. Confira abaixo a entrevista completa:
DIANA: Boa tarde à todos os ouvintes da nossa rádio! E hoje temos uma convidada super especial! Ela que deu um sumiço dos charts e dos holofotes por um longo tempo, retornou com tudo na divulgação do seu single: Futuristic Woman!!! E que foi #1 na Hot 30 Singles por 3 semanas consecutivas!!! Ela mesmo, Onika Stallion! Seja muito bem-vinda! Como você está hoje?
[ONIKA]: Boa tarde!! Muito obrigada. Estou muito bem, fui muito bem recepcionada pelos funcionários da rádio. São super gentis. E sim, retornei! Fiquei um bom tempo fora mesmo (risos).
DIANA: Por onde você andou? E o que te motivou a retornar com um single tão inesperado?
[ONIKA]: Eu estive bastante ocupada! Diversos projetos, faculdade, carreira e família. A principal motivação foi construir uma identidade visual, diferente da maioria dos artistas que lançam músicas hoje em dia. Quis me fixar em um assunto tão importante e decidi escrever sobre. Meu single fala sobre isso.
DIANA: Agora vamos a nossa entrevista! O que te motivou para a pesquisa sobre a organização e pensamento das mulheres negras?
[ONIKA]: Bom Diana, diversos fatores. Eu sempre achei que o pensamento político das mulheres negras tinha muito a ver com ciência política, mas ao mesmo tempo eram as ideias que eu não estava lendo na academia. Por isso, me interessei em sistematizar isso. Foram anos de pesquisa. Trabalhei com entrevistas e materiais publicados por duas organizações de mulheres negras, que falam sobre projetos de governo e desigualdade. Na academia, já existe muito material sobre mulheres negras, mas não existem textos que busquem pontos em comum e que busquem dizer o que é específico dos trabalhos dessas intelectuais. Foi o que fiz.
DIANA: Já que você faz faculdade, você acredita que discussão da intelectualidade negra está mais restrita ao ambiente acadêmico?
[ONIKA]: Uma marca característica das intelectuais negras é que elas não têm interesse só em elaboração, mas também em mudar o mundo, e não só escrevendo ou teorizando. Por isso, suas reflexões nascem dessa experiência de urgência de uma transformação social. Elas contribuem com o debate de um público amplo que vem pensando e questionando o que significa essa intelectualidade e o que é ser intelectual. As negras representam muito essa discussão de uma intelectualidade que não é elitista e não está restrita apenas à universidade.
DIANA: Devido a essa diversidade entre as mulheres negras, é possível falar em um projeto político único ou são vários?
DIANA: As mulheres negras se diferencia por sua articulação com questões de raça, classe e gênero. Qual o impacto de pensarmos essas articulações entre identidades?
DIANA: É fato que, as mulheres negras também costumam ser maioria nos casos de violência e vulnerabilidade. Quais são as formas de resistência que as mulheres negras têm construído?
DIANA: Onika, infelizmente a nossa entrevista chegou ao fim. Estamos amando o trabalho que você vem fazendo. Esperamos também um álbum com diversas críticas. Esperamos também te receber mais vezes nos nossos estúdios, para novas parcerias ou outros projetos! Muito obrigada. E para finalizar com chave de ouro, vamos ouvir o single da rainha: Futuristic Woman!!!
[ONIKA]: Eu não sou política, mas pelo que estudei sobre; sim, são vários. Alguns grupos de mulheres negras têm um pensamento político antigo, porque entendem que a forma como o Estado foi construído existe para reprimir certos grupos. Outros grupos vão trabalhar com o aprimoramento de políticas públicas porque querem redirecionar as noções de Estado. Outras são anticapitalistas porque não acham que dá para reformar o capitalismo. E ainda há os grupos que buscam ascender dentro da estrutura social e não questionam a estrutura capitalista.
DIANA: As mulheres negras se diferencia por sua articulação com questões de raça, classe e gênero. Qual o impacto de pensarmos essas articulações entre identidades?
[ONIKA]: Hoje existe uma discussão sobre interseccionalidade e a articulação de gênero, raça e classe, nessa sequência. Analisando o que as intelectuais negras pensam ficou muito evidente um protagonismo da dimensão racial e de como essa dimensão vai determinar as posições de classe. As intelectuais negras brasileiras trazem uma discussão de classe muito potente. Elas entendem raça e classe como questões difíceis de ser dissociadas, devido à estruturação do capitalismo, que implica uma exploração racial grande. Por isso, em um momento não é possível diferenciar a exploração de classe e de raça. O gênero surge como a terceira dimensão, que vai tratar de como essa posição inferiorizada será vivenciada na sociedade. Então a ordem de análise, segundo as intelectuais negras, seria raça, classe e gênero. No entanto, quando falamos de interseccionalidade sem a dimensão raça e classe, só de gênero, se perde a memória do movimento de mulheres negras. A raça está no centro de como vivenciamos a sociedade. Por isso, em diversos momentos, as mulheres negras são parceiras de lutas dos homens negros, grupo mais atingido pelo homicídio na população brasileira. Ambos compartilham uma vivência inferiorizada tanto pela questão de raça como de classe.
DIANA: É fato que, as mulheres negras também costumam ser maioria nos casos de violência e vulnerabilidade. Quais são as formas de resistência que as mulheres negras têm construído?
[ONIKA]: São muitas formas. Uma delas é a transformação na esfera do simbólico, com a ressignificação de vários elementos como o cabelo, roupas e estética negra. Deste modo, independente da discriminação, nós, mulheres negras, resgatamos e afirmamos o nosso orgulho. Há ainda a dimensão comunitária e política, com a liderança das mulheres negras para financiarem nossos estudos, e das mulheres que tiveram seus filhos mortos pelo Estado e lutam pela memória. E, por fim, a dimensão econômica, em que as mulheres negras, apesar de representarem o grupo populacional com a renda mais baixa, não estão passivamente esperando o mundo mudar, vão para a rua e para a luta, e investem no empreendedorismo.
DIANA: Onika, infelizmente a nossa entrevista chegou ao fim. Estamos amando o trabalho que você vem fazendo. Esperamos também um álbum com diversas críticas. Esperamos também te receber mais vezes nos nossos estúdios, para novas parcerias ou outros projetos! Muito obrigada. E para finalizar com chave de ouro, vamos ouvir o single da rainha: Futuristic Woman!!!
Confira abaixo o link que te direciona para o single da rapper Futuristic Woman, que já está disponível em todas as plataformas digitais:
mdseason1.boards.net/thread/212/onika-stallion-futuristic-woman
[DIVULGAÇÃO PARA FUTURISTIC WOMAN BY ONIKA STALLION]
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[DIVULGAÇÃO PARA FUTURISTIC WOMAN BY ONIKA STALLION]