Post by ggabxxi on Jan 14, 2021 23:39:43 GMT -5
Boa noite, meus demoninhos preferidos! Aqui quem fala é a Banshee e você está escutando o Banshee Radio! Bom, como eu disse, eu gosto muito de dar minha opinião sobre as coisas afinal uma banshee que se preza não cala a boca nunca! E, é claro que eu vou falar mais sobre coisas que eu entendo e que compõem a minha vida, expressões artísticas, principalmente música mas não só resumido a ela. Bom, essa semana vários projetos foram lançados incluindo o da minha amiga talentosíssima Glinda e eu não escutei nenhum até hoje pra não estragar a primeira impressão afinal é por causa dela que nós chamamos esses momentos de “reactions” hoje em dia, não? Então, eu pensei em escolher um projeto que aparentemente traz algo sobre o que eu entenda e tenha contato. Infelizmente, eu eliminei o album da Glinda porque não me acho entendedora o suficiente da cultura japonesa e do j-pop, apesar de gostar de tudo que eu vi até agora. Eu pensei em falar sobre a primeira parte do projeto do Apollyon porque foi o que mais chamou minha atenção e despertou o meu interesse mas então eu pensei bem e achei melhor comentar sobre ele depois da segunda parte pra ver a narrativa completa. O álbum Black Widow da Rose também despertou meu interesse pelo conceito visual dele que é realmente ótimo e bem pensado mas ele é uma trilha sonora então eu acho que não vou entender o conceito dele totalmente sem assistir ao filme já que provavelmente algumas músicas falam de uma situação específica dele. Bom, não sei se vocês sabem mas meu pai é brasileiro. Eu tive contato direto com a arte brasileira e latina no geral desde criança então acho que a opção mais viável no momento seria escutar ao extended play de Wylla Gomez, o Sapequinha, que promete bastante cultura latina e pelo que eu vi na lista de gêneros, trap latino, pop e reggae, estilos que eu também tenho bastante contato nas ruas de Manhattan e Funk, que meu pai escuta praticamente todo dia [risos]. Então sem mais, vamos para o EP!
Bom, o primeiro é A Caminhada, o nome é bem forte! Tão forte que minhas expectativas estão nível Williams. Então vamos ouvir. [ouve A Caminhada].
É... definitivamente não é a Williams. Bom, vamos começar pelas coisas boas. É uma música bem divertida de se ouvir, a melodia é bem forte mesmo como eu pensei que seria e eu amo uma guitarra como vocês bem sabem mas pra mim, acaba aí. Eu espero que esse não seja o trap latino que ela fala porque isso não foi quase nada latino, a única coisa que me lembrou um pouco da América Latina foi uma parte pequena da batida depois do refrão. Quanto a letra, bom, eu fico feliz por ela estar vivendo em um paraíso fiscal particular, né? Que bom que ela usa Moschino e faz entrevistas à GNT. Mas não é isso que eu espero da arte, se é que vocês me entendem. Minha professora de literatura da high school uma vez me disse que a arte não é só entretenimento, muito menos só uma indústria geradora de produtos e empregos. A arte tem um papel social. A arte tem o poder não só de retratá-la mas também de moldá-la. Eu não posso dizer que essa é uma música ruim no geral mas com certeza não acho que chegue a ser uma música boa. A melodia dela tem uma força feroz mas nem um pouco dela se traduziu na letra, que fala muito sobre a própria interprete e nada sobre o mundo à sua volta. O que eu posso dizer sobre essa música é que ao mesmo tempo em que ela é boa de se ouvir, a contribuição dela para o mundo musical é decepcionante.
Vamos à segunda faixa, “Vai Embora”. [ouve].
O que eu posso dizer? Vamos começar pela melodia. Se vocês querem saber, eu achei bem estadunidense, bem hip hop de Nova Iorque. Sim, tem umas batidas de funk brasileiro no refrão que é a única parte que eu escutaria novamente, aliás, mas o resto da música é muito vazio e tem pouca personalidade latina. Eu realmente espero que a parte latina do EP venha mais tarde porque as duas primeiras melodias gritaram Estados Unidos e Europa, mas não Brasil ou America Latina no geral. Quanto a letra, eu não achei nada demais, é mais enaltecimento próprio e é isso. Tem alguns destaques ruins tipo o pleonasmo no verso “sai dessa casa e vaza” e também o conflito e a falta de conexão entre a parte dela e a da Mirella, já que ela fala que perdeu o tesão enquanto a Mirella diz que o homem vai ver ela quicar até tarde. Dá a impressão de que as duas escreveram seus versos sozinhas e juntaram de última hora sem fazer as adaptações necessárias.
Terceira faixa, título do álbum, Sapequinha. Vamos lá. [ouve]
Ai gente, não gostei de nada, é isso. Melodia irritante, letra repetitiva, métrica toda desestruturada e confusa. Chata e irrelevante pro mundo lá fora. Com certeza a pior do album e eu nem preciso escutar o resto. Vamos pra próxima?
Quarta faixa, Ponte Perra.
Ah, obrigado Deusa. Eu já tinha desistido desse EP mas essa música até que é boa. Assim, as letras também não me dizem muita coisa mas o instrumental com certeza salvou o projeto da falta de memorabilidade total. Mas não, nada da cultura latina foi apresentado. É música afro-americana cantada em espanhol e só. Não que isso seja ruim, eu amo influências do hip hop, só não é latino. Ser latino é mais do que falar em espanhol ou português, até porque Portugal e Espanha são da Europa e não da América Latina. A gente tem que parar de centralizar e basear a cultura da América Latina nos colonizadores dela, entendem? A cultura latina é algo totalmente diferente e independente da Espanha e de Portugal, é bem mais do que isso.
Faixa 5, I Like It.
É uma música de trap normal. A letra é divertida e a melodia é bem dançante. I Like It é uma ótima música pra se divertir mas como tudo até aqui, não passa disso. Eu sei que é pedir demais pra uma artista pop se introduzir em assuntos sociais porque eles se preocupam em fazer sucesso com todos e se posicionar politicamente e socialmente seria perder um pouco do dinheiro e status deles mas compensa você ter todo esse dinheiro e status, toda essa visibilidade se você não usa ela pra mudar a vida de ninguém? O pop também costuma trazer letras com que as pessoas se identificam, músicas que fazem as pessoas se sentirem melhores na própria pele. Bom, apesar disso, essa música é a minha segunda preferida porque apresentou um pouco da latinidade prometida. Vamos ver se a próxima segue essa linha.
Sexta e última faixa, I Can’t Remember How Forget You. O nome contém um erro ortográfico mas eu não acho que isso seja ruim se há licença poética, afinal, meu pai já me disse que um cantor chamado Skank já mudou a sílaba tônica de uma palavra pra adequar ela às outras palavras e o verso à métrica então se ela tiver esse tipo de coisa, eu sinceramente vou ficar admirada. Vamos lá. [escuta].
Eu gostei da melodia e a letra é bem divertida também. Finalmente os aspectos com que os outros se identificam chegaram! Quem nunca lembrou daqueles momentos bons com uma pessoa e se esqueceu que os momentos ruins também existiam, né? Eu gostei da guitarra abafada e da bateria no refrão, provavelmente esses são os pontos fortes da música. Ela tem influências rock e reggae, cultura inglesa e africana, e isso ficou surpreendentemente bom. Não é tão fácil mesclar culturas tão diferentes. Apesar disso, não existem motivos nem licença poética pra alguns dos erros na música então eles impediram que ela fosse melhor do que já é.
Bom, então vamos à minha impressão do EP como um todo. Eu não acho uma estratégia boa colocar tantos gêneros diferentes em um projeto tão pequeno. Aliás, tecnicamente pequeno porque artisticamente eu achei isso bem longo. Apesar de serem 6 músicas, eu não acho que exista nenhuma linearidade acontecendo aqui. Em questão de melodia, algumas são boas e algumas parecem fillers de tão vazias e um EP nem precisa de fillers. Quanto ao marketing, Wylla prometeu muita influência latina mas ela só se mostra propriamente dita em uma única música, algumas das outras têm alguns resquícios mas isso não faz elas ficarem realmente boas. Eu acho que esse projeto subestimou muito o funk, ele é uma ótima ferramenta pra mostrar mais da realidade brasileira sem filtros. Wylla prometeu empoderamento mas sinceramente o empoderamento nesse EP se concentrou todo nela. Aliás, isso é o que me irrita na discografia e na postura de Wylla. O empoderamento dela é muito falado e pouco feito e traduzido em arte. Wylla cria uma imagem empoderadora mas as ações dela não empoderam ninguém além de ela mesma. Exaltar a si mesma não é exaltar as mulheres com seus direitos e talentos. Empoderamento não é usar sua visibilidade para invalidar as vozes de pessoas que já não são devidamente escutadas, como ela fez no MAMA quando criou um cenário em que ela era vítima depois que pessoas amarelas avisaram para ela que estava sendo xenofóbica. Empoderamento é buscar aprender com as pessoas e ajudá-las a chegar em uma situação justa e igual. Falar do seu próprio paraíso fiscal não é empoderamento se você não deixa claro que outras mulheres, negros, lgbts e amarelos também deveriam conseguir chegar onde você está. Bom gente, esse foi o Banshee Radio, boa noite e se cuidem. Tchau!
[DIVULGAÇÃO PRA ONE MORE ABOUT A WHORE]
Bom, o primeiro é A Caminhada, o nome é bem forte! Tão forte que minhas expectativas estão nível Williams. Então vamos ouvir. [ouve A Caminhada].
É... definitivamente não é a Williams. Bom, vamos começar pelas coisas boas. É uma música bem divertida de se ouvir, a melodia é bem forte mesmo como eu pensei que seria e eu amo uma guitarra como vocês bem sabem mas pra mim, acaba aí. Eu espero que esse não seja o trap latino que ela fala porque isso não foi quase nada latino, a única coisa que me lembrou um pouco da América Latina foi uma parte pequena da batida depois do refrão. Quanto a letra, bom, eu fico feliz por ela estar vivendo em um paraíso fiscal particular, né? Que bom que ela usa Moschino e faz entrevistas à GNT. Mas não é isso que eu espero da arte, se é que vocês me entendem. Minha professora de literatura da high school uma vez me disse que a arte não é só entretenimento, muito menos só uma indústria geradora de produtos e empregos. A arte tem um papel social. A arte tem o poder não só de retratá-la mas também de moldá-la. Eu não posso dizer que essa é uma música ruim no geral mas com certeza não acho que chegue a ser uma música boa. A melodia dela tem uma força feroz mas nem um pouco dela se traduziu na letra, que fala muito sobre a própria interprete e nada sobre o mundo à sua volta. O que eu posso dizer sobre essa música é que ao mesmo tempo em que ela é boa de se ouvir, a contribuição dela para o mundo musical é decepcionante.
Vamos à segunda faixa, “Vai Embora”. [ouve].
O que eu posso dizer? Vamos começar pela melodia. Se vocês querem saber, eu achei bem estadunidense, bem hip hop de Nova Iorque. Sim, tem umas batidas de funk brasileiro no refrão que é a única parte que eu escutaria novamente, aliás, mas o resto da música é muito vazio e tem pouca personalidade latina. Eu realmente espero que a parte latina do EP venha mais tarde porque as duas primeiras melodias gritaram Estados Unidos e Europa, mas não Brasil ou America Latina no geral. Quanto a letra, eu não achei nada demais, é mais enaltecimento próprio e é isso. Tem alguns destaques ruins tipo o pleonasmo no verso “sai dessa casa e vaza” e também o conflito e a falta de conexão entre a parte dela e a da Mirella, já que ela fala que perdeu o tesão enquanto a Mirella diz que o homem vai ver ela quicar até tarde. Dá a impressão de que as duas escreveram seus versos sozinhas e juntaram de última hora sem fazer as adaptações necessárias.
Terceira faixa, título do álbum, Sapequinha. Vamos lá. [ouve]
Ai gente, não gostei de nada, é isso. Melodia irritante, letra repetitiva, métrica toda desestruturada e confusa. Chata e irrelevante pro mundo lá fora. Com certeza a pior do album e eu nem preciso escutar o resto. Vamos pra próxima?
Quarta faixa, Ponte Perra.
Ah, obrigado Deusa. Eu já tinha desistido desse EP mas essa música até que é boa. Assim, as letras também não me dizem muita coisa mas o instrumental com certeza salvou o projeto da falta de memorabilidade total. Mas não, nada da cultura latina foi apresentado. É música afro-americana cantada em espanhol e só. Não que isso seja ruim, eu amo influências do hip hop, só não é latino. Ser latino é mais do que falar em espanhol ou português, até porque Portugal e Espanha são da Europa e não da América Latina. A gente tem que parar de centralizar e basear a cultura da América Latina nos colonizadores dela, entendem? A cultura latina é algo totalmente diferente e independente da Espanha e de Portugal, é bem mais do que isso.
Faixa 5, I Like It.
É uma música de trap normal. A letra é divertida e a melodia é bem dançante. I Like It é uma ótima música pra se divertir mas como tudo até aqui, não passa disso. Eu sei que é pedir demais pra uma artista pop se introduzir em assuntos sociais porque eles se preocupam em fazer sucesso com todos e se posicionar politicamente e socialmente seria perder um pouco do dinheiro e status deles mas compensa você ter todo esse dinheiro e status, toda essa visibilidade se você não usa ela pra mudar a vida de ninguém? O pop também costuma trazer letras com que as pessoas se identificam, músicas que fazem as pessoas se sentirem melhores na própria pele. Bom, apesar disso, essa música é a minha segunda preferida porque apresentou um pouco da latinidade prometida. Vamos ver se a próxima segue essa linha.
Sexta e última faixa, I Can’t Remember How Forget You. O nome contém um erro ortográfico mas eu não acho que isso seja ruim se há licença poética, afinal, meu pai já me disse que um cantor chamado Skank já mudou a sílaba tônica de uma palavra pra adequar ela às outras palavras e o verso à métrica então se ela tiver esse tipo de coisa, eu sinceramente vou ficar admirada. Vamos lá. [escuta].
Eu gostei da melodia e a letra é bem divertida também. Finalmente os aspectos com que os outros se identificam chegaram! Quem nunca lembrou daqueles momentos bons com uma pessoa e se esqueceu que os momentos ruins também existiam, né? Eu gostei da guitarra abafada e da bateria no refrão, provavelmente esses são os pontos fortes da música. Ela tem influências rock e reggae, cultura inglesa e africana, e isso ficou surpreendentemente bom. Não é tão fácil mesclar culturas tão diferentes. Apesar disso, não existem motivos nem licença poética pra alguns dos erros na música então eles impediram que ela fosse melhor do que já é.
Bom, então vamos à minha impressão do EP como um todo. Eu não acho uma estratégia boa colocar tantos gêneros diferentes em um projeto tão pequeno. Aliás, tecnicamente pequeno porque artisticamente eu achei isso bem longo. Apesar de serem 6 músicas, eu não acho que exista nenhuma linearidade acontecendo aqui. Em questão de melodia, algumas são boas e algumas parecem fillers de tão vazias e um EP nem precisa de fillers. Quanto ao marketing, Wylla prometeu muita influência latina mas ela só se mostra propriamente dita em uma única música, algumas das outras têm alguns resquícios mas isso não faz elas ficarem realmente boas. Eu acho que esse projeto subestimou muito o funk, ele é uma ótima ferramenta pra mostrar mais da realidade brasileira sem filtros. Wylla prometeu empoderamento mas sinceramente o empoderamento nesse EP se concentrou todo nela. Aliás, isso é o que me irrita na discografia e na postura de Wylla. O empoderamento dela é muito falado e pouco feito e traduzido em arte. Wylla cria uma imagem empoderadora mas as ações dela não empoderam ninguém além de ela mesma. Exaltar a si mesma não é exaltar as mulheres com seus direitos e talentos. Empoderamento não é usar sua visibilidade para invalidar as vozes de pessoas que já não são devidamente escutadas, como ela fez no MAMA quando criou um cenário em que ela era vítima depois que pessoas amarelas avisaram para ela que estava sendo xenofóbica. Empoderamento é buscar aprender com as pessoas e ajudá-las a chegar em uma situação justa e igual. Falar do seu próprio paraíso fiscal não é empoderamento se você não deixa claro que outras mulheres, negros, lgbts e amarelos também deveriam conseguir chegar onde você está. Bom gente, esse foi o Banshee Radio, boa noite e se cuidem. Tchau!
[DIVULGAÇÃO PRA ONE MORE ABOUT A WHORE]