Post by mysticent on Feb 21, 2021 20:24:10 GMT -5
SPIN - 74
De certa forma, From Russia With Hate é uma grande surpresa deste ano, e uma surpresa positiva. Em um conceito muito interessante e único que ainda se mantém relevante como as causas LGBTQIA+ na Rússia, Kudryavka consegue criar um caminho, que apesar de confuso e que quase se perde, que funciona e nos cativa com suas músicas, com destaques as músicas em russo que são a melhor parte do projeto até então. O que faz From Russia With Hate não ser melhor do que já é, são algumas músicas que parecem não ser encaixadas e que mal funcionam com o contexto, parecendo que são apenas para descontrair ou trazer uma versatilidade que não parece natural, como em faixas como Gatinha Comunista e Me Desculpa Eden que não são ruins, mas parecem bem mal encaixadas de acordo com a progressão lírica e nos fazem se perder um pouco na mensagem do álbum. Sim, entendemos o tempo todo que o álbum é um protesto nacional contra a homofobia na Rússia e que se promove como um álbum que quer desafiar o conservadorismo Putin com suas mensagens sáficas que são muito boas e muito necessárias até os dias de hoje, o grande problema é que em meio a algumas músicas, principalmente as em português, Kudryavka não consegue interliga-las de uma boa forma ao primeiro ato do álbum que é muito bom, e acaba deixando a segunda parte do projeto muito massiva e forçada, mas que não estraga tanto a experiência agradável e pensativa que From Russia With Hate cria. Se fosse um álbum menor e que se conectasse mais ao que o primeiro ato tem de melhor retratando com maior qualidade e também sonoridade e letras mais coerentes, From Russia With Hate seria um grande álbum. Mas no geral, From Russia With Hate não decepciona com sua mensagem e com suas músicas chamativas e atraentes, e esperamos que a talentosa Kudryavka nos traga seu melhor e mais do seu enorme potencial nos próximos projetos, pois aqui ela iniciou um caminho que tem tudo para dar certo.
Rolling Stone Russia - 70
Em um verdadeiro ato político que desafia leis russas contra "propaganda da homoafetividade", Kudryavka faz o lançamento de seu álbum influenciado pelo pop rock com letras românticas como All The Things She Said e All About Us, ou melancólicas como Enquanto Me Beija, ou celebrando o socialismo como Gatinha Comunista, além de um resgate de raízes russas como a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas como em Katyusha. De alguma forma, todos estes temas conseguem ser retratados sem nuances tão abruptas, mantendo um fluxo lírico interessante do início ao final, o mesmo vale para a sonoridade que transita entre o pop e o rock com uma naturalidade agradável. As últimas músicas do álbum, entretanto, são as que mais poderiam ser apontadas como destoantes do resto do material, principalmente em "Me Desculpa, Eden" e "Você Não Ama Ninguém" que apostam em uma espécie de hip-hop que não tem nada a ver com o resto do disco. O encerramento com Perdão é muito bem, trazendo uma conclusão satisfatória para a narrativa que foi sendo escrita ao longo do álbum.
Pitchfork - 63
Entre pontos altos e pontos baixos, From Russia With Hate é às vezes um pouco confuso com a mudança de sonoridade e as mudanças repentinas de idioma, mas não podíamos esperar nada de normal vindo da Rússia, não é mesmo? O álbum consegue se manter coeso, principalmente nas letras em russo que são claramente o ponto mais alto do projeto, trazendo ótimas letras e os melhores instrumentais do álbum como é de exemplo моно, ou a letra de Я Твоя Не Первая. As letras da parte final do álbum tiram um pouco da força do projeto, mas nada tão significante a ponto de fazê-lo um projeto ruim, e Katyusha que apesar de estar em russo, a sua letra parece deslocada do resto do projeto. From Russia With Hate é um álbum que se fosse um pouco menor e mais bem estruturado, poderia ser um projeto muito melhor, mas que ainda assim não decepciona do jeito em que ficou.